Após lançar filme sobre Elza Soares, cineasta prepara longas de Elis Regina e Maria Alcina

Elis Regina (Porto Alegre, 17 de março de 1945 — São Paulo, 19 de janeiro de 1982), a eterna Pimentinha, sem sombra de dúvidas, uma das maiores (se não a maior) cantora do Brasil e que, mesmo 40 anos após sua morte, continua encantando com sua voz. Elza Soares (Rio de Janeiro, 23 de junho de 1930 – Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 2022), a Mulher do Fim do Mundo, a diva rouca, de voz inconfundível. Maria Alcina, nascida em Cataguases, em 22 de abril de 1949, a cantora mineira, da Zona da Mata, é conhecida pelo timbre grave e profundo.

E exatamente no mês em que é lembrada em todo o mundo a luta pela igualdade dos direitos das mulheres, esses três grandes ícones da nossa música brasileira se tornaram, juntos, inspiração para a divulgação de um projeto e para a produção de outros dois, por uma talentosa cineasta e jornalista mineira, que se diz betinense de coração: Elizabete Martins Campos, já que mora na cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte desde criança.

“Três mulheres, três grandes artistas, signos da genuinidade das artes brasileiras, três cantoras que marcam a história do povo brasileiro. Ter a oportunidade de mergulhar nesses universos e, de alguma forma, colaborar para que mais pessoas possam também, por meio do cinema, ter uma experiência musical e imagética com essas três forças, é algo que eu muito respeito, tanto pelas trajetórias de arte, quanto de vida das três. Para mim, de formas diferentes, representam a mulher brasileira, cada uma ao seu modo, com suas diversidades e riquezas culturais”, destaca a cineasta mineira. Confira outras notícias conosco.

Das três cantoras pesquisadas pela diretora, a mais recente é a Pimentinha Elis Regina. O acervo com a história da mais do que consagrada artista, que fica localizado na Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre, capital gaúcha, é o eixo das filmagens do curta-metragem que será dirigido, neste mês de março, pela cineasta mineira. O documentário é patrocinado pelo Banrisul e realizado pela Associação dos Amigos da Casa de Cultura Mário Quintana, em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul (Sedac-RS).

Elis Regina, a eterna Pimentinha, que terá documentário filmado pela cineasta Elizabete Martins
Foto: Acervo Folha

Entre os entrevistados do projeto audiovisual, estão o músico, compositor e jornalista Arthur de Faria, autor do livro “Elis, Uma Biografia Musical”, a ex-professora da cantora Aida Wailer Ferrás e Almiro Paiva Carvalho, tio de Elis, que participa das filmagens fazendo a doação, para o Acervo Elis Regina, de um instrumento que pertenceu à estrela.

Ainda neste mês, a diretora Elizabete Martins Campos participa de uma sessão especial em homenagem à diva Elza Soares, cantora tema do seu primeiro longa-metragem, “My Name is Now”, de 2018. O documentário, que será exibido gratuitamente na data, rendeu à cineasta duas estatuetas no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2019: a de melhor trilha sonora original, pela escolha do júri oficial, e a de melhor documentário, pela votação popular.

O longa terá sessões gratuitas, no dia 19 de março, na Sala Nelson Pereira dos Santos e na Biblioteca Parque de Niterói, ambas no Rio de Janeiro, e, no dia 31 de março, será exibido no evento Brasil Musical, da Nitrato Filmes, que acontece na Casa do Cinema de Coimbra, em Portugal.

Ao mesmo tempo, a cineasta mineira divulga, durante o mês de março, seu segundo longa-metragem com a cantora Maria Alcina. A obra será filmada, em sua maior parte, em Cataguases, na Zona da Mata mineira, onde nasceu a cantora, consagrada no “Festival Internacional da Canção, em 1972, com a música “Fio Maravilha”, de Jorge Ben.

Maria Alcina terá documentário gravado em sua terra-natal, Cataguazes, na Zona da Mata Mineira
Foto: Marcus Leoni / Folhapress

A diretora Elizabete Martins comentou, ao Estadão, como chegou ao nome de Maria Alcina: ““Ela traz impregnada em si elementos que representam o que trato nessa trilogia: mulher, corajosa, criativa, talentosa, batalhadora, que desde criança canta como modo de vida”, diz. “Uma das precursoras da performance no Brasil, criou personagens ousadas, inusitadas, transgressoras para os anos de chumbo, foi proibida pela ditadura de se apresentar em público por 20 dias, que tornaram-se 20 anos sem gravar nenhum novo disco”, completa.

O projeto, que conta com a co-realização do Pólo Audiovisual da Zona da Mata e o patrocínio da Energisa, contudo, busca novos parceiros para as filmagens.

Marcos Aurélio

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *