História da música Encontros e Despedidas de Milton Nascimento

Com uma interpretação ambígua de cunho espiritual, Encontros e Despedidas é uma das canções mais famosas de Milton Nascimento, mas seu sucesso só veio pela voz de outra artista.

Quer saber como isso aconteceu e conhecer a história por trás dessa canção? Então está no lugar certo. Preparamos um conteúdo completo sobre os bastidores dessa música para você.

Acompanhe:

História da música Encontros e Despedidas

Composta por Milton Nascimento e Fernando Brant, Encontros e Despedidas foi lançada em 1985, no álbum de mesmo nome da canção, disco muito lembrado de Milton que contou com grandes sucessos como “Sentinela” e “Caçador de Mim”.

 

A canção marcou os ouvintes com ritmo e melodia originais, típicos do trabalho do cantor, e chamava atenção pela presença de um som de  flauta e pela letra cantada em um tom de voz apagado, fato que engrandece ainda mais sua mensagem.

 

Falando sobre o fluxo da vida  com uma metáfora sobre  a chegada e partida das pessoas em uma estação,  a canção reflete sobre os caminhos que tomamos nas nossas próprias vidas, sugerindo a ideia de que chegadas e despedidas são parte da mesma coisa.

 

No fim das contas, a canção se tornou um grande hino sobre migração, e curiosamente ganharia  repercussão nacional muitos anos depois, na voz de outra artista.

Um sucesso tardio na voz de Maria Rita

Se você já ouviu os primeiros versos de Encontros e Despedidas, com certeza lembra da melodia icônica, e provavelmente reconhece a canção de algum lugar. Isso acontece porque ela foi um sucesso nacional na voz da cantora Maria Rita, em 2004.

Cantada pela filha de Elis Regina, a música fez parte da trilha sonora da novela Senhora do Destino, lançada pela TV globo em junho daquele ano, e estourou no Brasil inteiro junto ao sucesso da trama.

Fazendo parte da abertura do folhetim, a canção tinha tudo a ver com o enredo central, e as imagens que apareciam durante o tema de abertura faziam referência à ideia principal da letra, representando os caminhos cruzados de pessoas pelo mundo.

A interpretação de Maria Rita foi tão popular, que se tornou praticamente a versão oficial da música, e certamente foi  a que mais ficou guardada na memória dos brasileiros, apesar de não ter sido a única regravação da canção.

As diferentes  regravações de Encontros e Despedidas

Apesar de ter se tornado popular na voz de Maria Rita, Encontros e Despedidas teve outras versões ao longo dos anos, algumas delas ao vivo, feitas pelo próprio Milton Nascimento em parceria com vozes femininas, ou mesmo por artistas de outros países, o que reforça ainda mais a trajetória peculiar dessa canção. Confira outras histórias das músicas conosco.

Confira abaixo as principais regravações de Encontros e Despedidas:

  • Milton Nascimento e Parceiras – Como não podia deixar de ser, o próprio cantor   já regravou a  música em dueto com  duas artistas diferentes, a cantora Portuguesa Carminho, em uma versão acústica, e em um Show ao vivo com a artista Marina Machado.
  • Simone – Mais uma voz feminina a gravar a canção, a cantora Simone lançou sua própria versão de Encontros e Despedidas em uma apresentação ao vivo, além de também já ter cantado ao lado do próprio Milton Nascimento em 2005.
  • Johan Christer Schütz – O Cantor Sueco Johan C. Schütz, conhecido por cantar Jazz e Bossa Nova, fez a sua própria versão da música em seu idioma nativo, que acabou sendo chamada de “Möten och avsked”.

Uma mensagem ambígua sobre  vida e  morte

Na trajetória musical de Encontros e Despedidas, muito foi dito sobre a sua mensagem e sobre a letra cheia de significados, fato que a tornou uma das canções com interpretações mais diversas de Milton Nascimento.

Apesar das diferentes visões, algumas interpretações acabaram permanecendo ao longo dos anos, como a visão ambígua  sobre a  trajetória da vida terrena em contraste com a vida após a morte, alimentada, veja só, pela própria letra da canção.

Para quem escuta atentamente a letra, pode perceber que os versos falam em sentido literal sobre os fluxos da vida, o curso natural dos encontros e desencontros que todos nós encaramos de alguma forma.

Porém, a letra também abre espaço para uma interpretação espiritual, e pode ser lida como uma metáfora para a vida após a morte, falando sobre vidas que se foram e estão presentes em outro mundo, ou mesmo sobre o fluxo terrestre e espiritual do próprio viver.

Por conta disso, a canção chamou a atenção de muitos adeptos do espiritismo, que dizem que a letra é carregada de significados dessa religião, fato que gera discussões até hoje entre os amantes ferrenhos da canção.

Encontros e Despedidas: Análise da letra

Com versos de interpretação ambígua, a letra da canção abre com uma mensagem do eu lírico para alguém que se foi, pedindo notícias de outro lugar, e também avisando da sua chegada, o que dá a ideia de que também está partindo, sem planos ou data para voltar.

Confira os primeiros versos:

Mande notícias do mundo de lá

Diz quem fica

Me dê um abraço, venha me apertar

Tô chegando

Coisa que gosto é poder partir

Sem ter planos

Melhor ainda é poder voltar

Quando quero

 

Em seguida, vemos a referência ao fluxo da vida, com versos que descrevem o vai-e-vem das pessoas, cada uma com seus motivos e caminhos a trilhar.

Todos os dias é um vai-e-vem

A vida se repete na estação

Tem gente que chega pra ficar

Tem gente que vai pra nunca mais

Tem gente que vem e quer voltar

Tem gente que vai e quer ficar

Tem gente que veio só olhar

Tem gente a sorrir e a chorar

 

Por fim, o eu lírico entende que a chegada e a partida são apenas dois lados da mesma viagem, na estação de todos nós, que é a vida:

E assim, chegar e partir

São só dois lados

Da mesma viagem

O trem que chega

É o mesmo trem da partida

A hora do encontro

É também despedida

A plataforma dessa estação

É a vida desse meu lugar

É a vida desse meu lugar

É a vida

A resposta de Fernando Brant à interpretação espírita

Com toda a discussão dos fãs em torno das diferentes interpretações dessa canção, restaria apenas para o compositor  Fernando Brant decidir qual a melhor visão de sua canção.

Em uma entrevista ao programa café filosófico, Brant comentou que a inspiração para a letra veio de uma estação de trem que ligava Minas Gerais à Bahia, e os versos foram feitos tendo ela como referência.

O compositor também revelou que o trecho“ mande notícias do mundo de lá” se referia apenas à “cidade de lá”, o lugar de destino de um trem, e nada tinha a ver com o mundo espiritual  tão referenciado pelos adeptos do espiritismo.

Apesar disso, a música mantém sua força interpretativa até hoje, se tornando uma canção enigmática e poética como poucas do gênero.

Que tal relembrar os versos dessa música tão cheia de personalidade?

Clique no Player abaixo e escute de novo a melodia de Encontros e Despedidas.

 

Marcos Aurélio

Um comentário em “História da música Encontros e Despedidas de Milton Nascimento

  1. A música de Nascimento e Brandt é muito linda e nos remete a nossa própria história misturada em nossos corpos , alma, espírito, terra, céu., Enfim trazendo emoções e sentimentos de vida início e falecimento-fim, sequência e finalização, amor alegria e sentimentos, paz e agonia, esperança e aleatoridade, final desconhecido e a esperança da felicidade.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *