Samuel Rosa diz que não está pendurando as chuteiras e que confia em cada membro fora do Skank
A icônica banda mineira Skank anunciou o seu fim em 2019, após 30 anos na estrada, e que teria a data celebrada em uma turnê de despedida, que seguiria por todo o ano de 2020, mas que foi interrompida pela pandemia da Covid-19. Agora, de volta aos palcos, Samuel Rosa (guitarra e voz), Henrique Portugal (teclados), Lelo Zaneti (baixo) e Haroldo Ferretti (bateria), que já deixaram muitos e muitos fãs órfãos, mesmo antes do fim oficial da banda, celebram as três décadas de união, bem como do lançamento do primeiro disco, que levava o nome da banda: Skank. Este disco, somado a outros 13, seja em estúdio ou ao vivo, superaram as seis milhões de cópias vendidas.
Durante todo este tempo em que os membros do Skank estiveram juntos, verdadeiros sucessos, que viraram clássicos, como Garota Nacional, É Uma Partida de Futebol, Te Ver, Pacato Cidadão, Vou Deixar, Vamos Fugir, dentre tantos outros, agora integram este show da turnê da despedida que, aliás, pode virar DVD.
De acordo com o vocalista do Skank, Samuel Rosa, o Skank continuará existindo, independentemente de seus membros estarem juntos ou não: “independentemente de a banda estar na estrada ou não, ela continua existindo enquanto as pessoas escutarem nossas músicas”, disse Samuel Rosa, em longa entrevista concedida à Revista Quem.
Samuel Rosa também revelou, à revista, os motivos da separação da banda, seus planos para o futuro e sua convicção de que a banda continuará existindo, juntos ou não, em sua essência.
A recepção nos shows e o sentimento de vazio do público
No início da entrevista à Quem, Samuel Rosa comentou como tem sido a receptividade das pessoas junto à banda, na turnê da despedida. Ele ainda aproveitou para deixar em aberto a possibilidade da volta, embora não cravasse nada:
“Tem sido maravilhosa. A gente sente no público uma tristeza, e uma ponta de esperança de que não seja a cartada final do Skank, e se for um término, que seja temporário, apenas o fim de um ciclo, e isso pode acontecer, eu deixo bem claro nas entrevistas que não é um fim definitivo, nada impede que a gente se reúna, mas também pode ser que a gente não se reúna, temos as duas possibilidades. Então há essa tristeza, mas também a ânsia de aproveitar, de se deleitar com uma banda que ficou na ativa por 30 anos”, disse o vocalista do Skank, que prosseguiu, falando que confia no potencial de cada membro do grupo que, agora, deve seguir a carreira solo:
“Não tivemos nenhum período de ostracismo, nenhuma baixa, a gente teve a sorte de estar sempre atuante, em plena atividade, sempre fazendo show, estamos em turnê há 30 anos. E que venham os próximos projetos porque não estamos pendurando a chuteira, cada um vai trilhar um caminho solo, porque antes de Skank somos indivíduos, e acredito no potencial de cada um separado, assim como sempre acreditei na banda”, afirmou Samuel Rosa.
Samuel Rosa recapitula os grandes momentos do Skank
Ao comentar sobre o que viria à mente, quanto aos grandes momentos do Skank, Samuel Rosa aproveitou para fazer um balanço destes 30 anos e se mostrou bem satisfeito, inclusive com aqueles momentos nem sempre tão favoráveis, pelos quais todos nós passamos:
“A história do Skank é a minha, e sei que os momentos que não foram tão bons foram raros, não lembro de nada que me entristece, que me chateia. Tentamos fazer o melhor, fomos íntegros, e até os momentos mais difíceis não foram ruins. Saímos do anonimato, com um primeiro disco sem um hit, que as gravadoras cobravam. Lembro do primeiro show no Circo Voador, os prêmios que conquistamos, nossas turnês em mais de 20 países, os encontros com outras bandas, as músicas que emplacaram, as que frustraram. Trinta anos é muita coisa. Poderia ser um livro, mas tenho contado no YouTube, dado meu testemunho, quero dar minha versão dos fatos e lembrar de tudo o que a gente fez”, destacou Samuel.
Samuel Rosa projeta sua vida fora do Skank
O vocalista da banda mineira respondeu, à revista Quem, como se sentiria fora do Skank, após tanto tempo junto aos demais companheiros, respirando música e a banda por completo:
“Eu tinha 25 (anos) quando começamos e agora tenho 55. Passei mais tempo sendo do Skank do que fora da banda. Mas minha relação com a música começou aos 14 anos, sou muito grato à minha trajetória, meus professores, os discos que escutei. Não me causa estranheza me imaginar sozinho, apesar de eu ser um integrante do Skank mesmo fora do palco. Costumo dizer, pra quem idealiza essa vida de músico, com viagens e massagem no ego, que tudo isso é bom, mas você veste uma roupa e nunca se desvencilha dela, você não descansa dessa alter ego. É intrigante pensar como vai ser, tenho uma vida fora da banda, outros anseios, não fiz do Skank minha única fonte de satisfação. A banda é uma delas e tenho certeza que posso achar outras”, crava o artista, sem entrar em detalhes. Confira outras notícias conosco.
Skank: música inovadora e palatável
Samuel Rosa também comentou sobre o que esperava para o Skank, após o lançamento do primeiro disco da banda. Ele afirma querer uma banda inovadora e palatável, o que pensa que conseguiu:
“Quando lançamos o primeiro disco não tínhamos a menor ideia de o que poderia acontecer. A gente queria seguir com o projeto, temos muito amor um pelo outro, queríamos fazer uma música inovadora e palatável, que atingisse muita gente, correr o Brasil, queríamos viver de música, era o grande desejo, e conseguimos. Mas não imaginávamos isso tudo que aconteceu. A gente acreditava no nosso potencial, gastamos todas as economias para gravar um disco, fizemos três mil CDs independentes, e era muito difícil sobreviver sendo independente, dentro do pop rock fomos com certeza os primeiros a lançar um trabalho independente em CD. Depois disso veio a Sony e estamos há 30 anos com a gravadora”, afirmou Samuel Rosa.
Samuel Rosa e sua sensação da despedida
O vocalista do Skank falou, à revista Quem, sobre sua sensação enquanto realiza a turnê, sabendo que é a despedida de sua icônica banda:
Dá um friozinho na barriga, um medo de o que virá pela frente, mas sabemos que a banda fez o seu melhor, era o que tínhamos, buscamos nos divertir na estrada, no estúdio, não tivemos cerimônias para experimentar, mudar tudo, abordar outros temas, e o resultado é muito satisfatório para todos nós, e vemos o Skank como um patrimônio. Independentemente de a banda estar na estrada ou não, ela continua existindo enquanto as pessoas escutarem nossas músicas. Enquanto a música do Skank for relevante, ela vai continuar existindo. A música bem feita é relevante por muito tempo. Não é perecível, é atemporal. Isso nos deixa bastante animados. O Skank existe mesmo sem estar na estrada, estarmos juntos vira quase um detalhe”, acredita Rosa.
Projetando o futuro
Samuel Rosa também respondeu se já tem planos para depois da turnê da despedida do Skank:
“Quero produzir coisas novas, estou animado, e pode ser até que o Skank produza algo novo. Não vamos parar de trabalhar porque estamos em um mundo com Paul McCartney, com 80 anos, anunciando turnê. Como somos um pouco mais novos que ele, não podemos descansar, e depois dessa pandemia queremos estar na rua. Eu quero estar na estrada e vamos estar, mas de forma separada. E o legado da banda estará sempre aí”, finaliza Samuel Rosa, em entrevista à revista Quem.