Gabi da Pele Preta lança seu primeiro EP

A cantora pernambucana Gabi da Pele Preta está lançando seu primeiro EP, que leva seu nome artístico. O trabalho, que tem quatro canções, já está disponível em todas as plataformas digitais de áudio, desde sexta-feira (20).

A artista pernambucana canta quatro canções compostas apenas por mulheres, trazendo à tona debates sobre gênero, raça e classe social.

Confira os detalhes do EP Gabi da Pele Preta, o primeiro da carreira desta artista pernambucana de Caruaru, a seguir, com o Versos e Prosas.

Gabi da Pele Preta debate sobre raça e gênero, em primeiro EP

A cantora Gabi da Pele Preta está lançando o seu primeiro EP, que leva seu nome no título. Integrante de uma geração de artistas pernambucanos talentosos, Gabi faz sua estreia fonográfica depois de projetos no teatro, no cinema e sobretudo da experiência de cantar na noite. Mais do que uma estreia, o EP é um manifesto no qual Gabi canta 4 canções inéditas compostas por mulheres, com letras fortes que retratam o engajamento social da artista, trazendo à tona debates sobre gênero, raça e classe social.

“Tenho muito apreço por minhas primeiras vezes. A primeira vez no teatro, com “Amor em Tempo de Servidão” (2005), me inseri coletivamente entre artistas, conheci o primeiro músico que me acompanhou durante sete anos, cantei num teatro pela primeira vez. “Ferrolho”, do paraibano Taciano Valério, me apresentou o mundo do cinema (2012). O primeiro show solo com banda na minha cidade, Caruaru, no qual meus amigos se tornaram minha equipe, cuidando de todos os detalhes.

E quando as coisas foram tomando corpo e Gabi da Pele Preta efetivamente surgiu, veio a possibilidade de participar do Festival de Inverno de Garanhuns, do Rec Beat, do projeto Conectadas pela Música, que me apresentou ao Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, passei a integrar a equipe da banda Cordel do Fogo, entre várias outras coisas que fiz ao longo dos últimos 18 anos. Mas, dentre todas elas, sou muito grata por essa primeira vez de gravar um EP que leva o meu nome, com composições de mulheres, e uma banda Agrestina que acreditou nesse repertório e criou, junto comigo, essa sonoridade”, pontua Gabi.

Gabi da Pele Preta integra geração talentosa de músicos

Gabi da Pele Preta faz parte da mesma geração de Zé Manoel, Juliano Holanda, Cláudio Rabeca, Isadora Melo, Siba, Isaar e do coletivo Reverbo. “Tenho a impressão que há uma repetição na maneira como os brasileiros ouvem música, no sentido de achar que a música do passado era sempre melhor. Aí, me lembro de Elis cantando Belchior: “você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem”.

Aos que me dizem que antigamente era melhor, eu faço questão de responder que se pesquisarem, serão capazes de encontrar coisas muito bonitas e potentes desse nosso tempo”, avalia Gabi. “Vivemos um momento bonito da música instrumental cada vez mais cheia de territorialidade, da canção que brinca genialmente com as palavras, e pautas importantes levantadas de forma contundente, mas também irreverente.

Eu me orgulho muito da geração a que pertenço e do que fazemos. Me orgulho do coletivo Reverbo, das mulheres compondo cada vez mais, das pessoas pretas e indígenas registrando suas narrativas, e da troca intensa que a internet, até certo ponto, possibilitou entre nós. Públicos e processos que se misturam sempre que a gente se encontra. É lindo”.

A produção do EP é do músico, compositor e poeta Alexandre Revoredo, que acompanha Gabi desde 2017. “Revoredo me viu antes de eu vê-lo, mas foi o seu olhar para mim e para o meu trabalho que me seduziu, porque eu sabia que ali teria uma parceria segura. Juntos nós construímos sonoridade, repertório e uma relação profissional de muito respeito e afeto”, conta Gabi da Pele Preta sobre a construção desse novo trabalho, que quer levar a música de seus pares ainda mais além.

Amplificar vozes é o compromisso de Gabi, conclamando com a sua arte a luta pelas pautas mais urgentes, mostrando toda a potência que brota de sua Pele Preta.

EP Gabi da Pele Preta: faixa a faixa

“Canção para curar a voz”, de Luiza Pessoa, reverencia a voz como potência de cura e transformação. Composta especialmente para Gabi, ela foi registrada no formato a capella que envolve o ouvinte e o convida para adentrar em seu universo.

“Palavra Feminina”, parceria de Joana Terra com Isabela Moraes, traz em sua cadência e camadas a seriedade e a urgência do respeito à voz da mulher. Confira outros lançamentos conosco.

“Virá,” canção-manifesto composta por Ezter Liu e Joana Terra, figura no repertório de Gabi em todas as apresentações que a artista tem feito nos últimos anos. A canção traz um naipe de sopros feminino, cujos arranjos foram concebidos por Neris Rodrigues;

“Gente” fecha o EP e também é uma composição de Uma Luiza Pessoa, mulher trans, preta, da periferia de São Paulo, que está constantemente presente no repertório de Gabi da Pele Preta, tanto pela sua potência criativa, quanto por sua voz de luta.

Para curtir as quatro faixas do EP de estreia de Gabi da Pele Preta, que leva seu nome artístico, acesse sua plataforma de áudio.

Marcos Aurélio

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