Álbum Portas, de Marisa Monte, reúne grandes parceiros da cantora

O álbum Portas, da cantora e compositora Marisa Monte, já está disponível, em áudio e vídeo, desde esta quinta-feira (1), dia em que a cantora completou 54 anos de vida.

Mais novo trabalho autoral de Marisa, o álbum Portas traz grandes parcerias da cantora carioca com grandes nomes do nosso cancioneiro, tais como Arnaldo Antunes, Nando Reis, Seu Jorge, Marcelo Camelo e o filho de um parceiro histórico, Carlinhos Brown, Chico Brown.

O novo álbum Portas já vinha sendo anunciado desde o início de junho, quando a cantora compartilhou um vídeo repleto de reflexões sobre a quarentena, acompanhado da data de lançamento do material.

O carro-chefe chegou dias depois, com a faixa Calma (Marisa Monte e Chico Brown), lançada no dia 10 de junho, juntamente de um videoclipe disponível no YouTube da cantora.

Acompanhe todos os detalhes do lançamento do álbum Portas, de Marisa Monte, com o Versos e Prosas. Vamos nessa com a gente?

Músicas como verdadeiras declarações de amor

O álbum Portas, de Marisa Monte, prossegue com o estilo da cantora, com canções que são verdadeiras declarações de amor. Descontado o primeiro disco de intérprete, MM (1989), marcado pelo esplendor vocal dessa cantora que ditou padrões ao longo dos anos 1990, o que Marisa Monte basicamente tem feito são crônicas e declarações de amor com cancioneiro de grande apelo pop).

No álbum Portas, cuja capa expõe arte inédita de Marcela Cantuária, a compositora refaz essas crônicas, abrindo parcerias com Marcelo Camelo e Chico Brown sem dar um passo estético adiante em obra já sólida. É como as 16 faixas do álbum Portas sintetizassem os caminhos trilhados pela artista ao longo dos 30 anos que separam Portas do definidor álbum Mais.

Álbum Portas e a parceria inédita com Chico Brown

Capa do álbum Portas, de Marisa monte
Foto: Arte de Marcela Cantuária

Parceiro de Marisa Monte em cinco das 16 músicas inéditas do álbum Portas, inclusive no soul Calma, faixa lançada em 10 de junho como single em que a cantora vislumbra a alvorada com aliciante pegada pop, Chico Brown aparece ocupar com naturalidade no álbum o lugar do pai, Carlinhos Brown, pela primeira vez ausente como compositor da discografia de Marisa desde o disco Verde anil amarelo cor-de-rosa e carvão, de 1994.

Observando bem, inclusive, nota-se que um espírito tribalista parece pairar sobre três das cinco canções compostas por Marisa com Chico, sobretudo na sedutora Fazendo cena e Em qualquer tom, valsa que versa sobre o amor com palavras do dicionário musical (“São tantos acordes acordando aqui na gente / Tanta harmonia, tão assim tão de repente / A delirar no amor morar”).

Tanto Em qualquer tom e Fazendo cena quanto Medo do perigo – a outra canção de clima tribalista feita por Marisa com Chico Brown – têm os toques acústicos do violão e do piano do neto de Chico Buarque (além de filho de Carlinhos Brown) em arranjos mais enxutos.

Na contramão dessa economia, a canção Déjà vu – a quinta parceria de Marisa com Chico Brown – foi formatada com solo de guitarra e com a opulência das cordas orquestradas pelo maestro Arthur Verocai. As cordas e sopros entram com vigor no refrão para reforçar o convite feito pelos versos “Vem, vamos lá / Vem viver / Vem sonhar / Pela estrada de estrelas do mar”.

A parceria com Marcelo Camelo

Arranjadas em atmosfera clássica tanto por Verocai como por Marcelo Camelo, as cordas são uma das marcas sonoras do álbum Portas.

Marcelo Camelo colaborou com três das 16 músicas presentes no álbum Portas. Camelo, que compôs duas delas ao lado de Marisa, parece ter entrado no universo particular da parceira conterrânea. Nem tanto na música que assina sozinho, espaçonaves, samba de cadência suave, evocativa da bossa nova.

Das duas parcerias de Camelo com a artista, Você não liga se diferencia por embutir, na cadência de samba-rock, ecos do suingue matricial de Jorge Ben Jor, compositor e músico referencial para Marisa, a ponto de ter tido três músicas regravadas na discografia solo da cantora entre 1994 e 2011. Sal, a outra composição de Marisa com Camelo, é canção bonita, assim como a maior parte do repertório do álbum Portas.

A alta concentração de músicas belas tem força para anular qualquer argumento dos detratores do disco. Mesmo que o álbum Portas ofereça a rigor mais do mesmo, não importa porque, sim, são bonitas as canções.

Álbum Portas e a colaboração de Arnaldo Antunes

a música que dá título ao álbum Portas é canção feita por Marisa com Arnaldo Antunes e Dadi Carvalho no tempo de delicadeza que pauta a maior parte da obra dos artistas.

Essencial na arquitetura dos álbuns Mais e Verde anil amarelo cor-de-rosa e carvão, Arto Lindsay coproduziu a faixa em Nova York (EUA), assim como fez com o single Calma.

Outra canção do trio formado por Marisa com Arnaldo e Dadi, A língua dos animais parece ter incorporado a natureza do espírito novo baiano. A faixa começa lírica, quase etérea, até ser bafejada pelo sopro do trio de metais orquestrados pelo trombonista Antonio Neves para iluminar o refrão dos versos “Vou sair para passear ao sol / Vou pisar / No capim”.

A retomada da dobradinha com Nando Reis

Primeiro disco solo gravado por Marisa Monte com músicas inéditas em dez anos, o álbum Portas replica as boas vibrações do antecessor, O que você quer saber de verdade (2011). O álbum soa leve e qualquer eventual traço de melancolia nas letras é eliminado por essa leveza.

Em sintonia com o espírito solar do disco, Marcelo Camelo orquestra com suavidade as cordas ouvidas em Quanto tempo, canção de Marisa com Pedro Baby e Pretinho da Serrinha.

Mesmo soando dèjá vu, o disco tem frescor, evidenciado no sopro da flauta de Melanie Charles sobre a suave cama percussiva que embala Praia Vermelha, música envolvente que marca a retomada da parceria de Marisa com Nando Reis, compositor até então ausente da discografia de estúdio da cantora carioca desde 1994.

Os irmãos Silva e Marisa

Segunda das três parcerias de Marisa Monte com os irmãos Lúcio Silva e Lucas Silva, ocorrida no álbum Portas, a apaixonada balada Totalmente seu também sobressai no disco, mesmo sem atingir o nível sublime da primeira, Noturno (Nada de novo na noite), lançada há cinco anos no álbum Silva canta Marisa (2016) em gravação feita com a participação da cantora. É o toque do piano de Silva que conduz o arranjo de Totalmente seu.

Parceria de Marisa com Arnaldo Antunes, Vagalumes tem letra que é pura poesia (quase) concreta do titã tribalista. O arranjo evoca com sutileza um clima de fado.

Outras parcerias do álbum Portas

Outra faixa do álbum Portas, o samba que poderia ter figurado no álbum Universo ao meu redor (2006), dedicado por Marisa ao gênero, Elegante amanhecer exalta a Portela enquanto emula a cadência nobre da obra dos bambas da velha guarda da agremiação carnavalesca carioca, à qual Marisa é ligada pela herança do pai, Carlos Monte, de longa atuação na direção da escola. Parceiro de Marisa na criação do samba, o bamba imperial Pretinho da Serrinha toca as percussões da faixa.

Fechando o álbum Portas, Pra melhorar – música composta e gravada por Marisa com Seu Jorge e com Flor, filha do artista – se impõe ao fim do álbum como um dos grandes possíveis hits do disco. Turbinada com o vocal soul de Flor, Pra melhorar é música que tem tudo para ganhar coro de multidões quando voltarem os shows presenciais.

Pra melhorar é sopro forte de esperança de dias melhores. Um alento que reforça a sensação de que, em essência, ao voltar ao disco, Marisa Monte refaz crônicas e declarações de amor e esperança na requintada atmosfera dèjà vu do álbum Portas.

E aí? Ficou curioso para acompanhar o álbum “Portas” por completo? Então, para escutá-lo, escolha sua plataforma digital neste link. Agora, para acompanhar os vídeos desta bela produção de Marisa, é só assisti-los no canal do YouTube da artista.

Marcos Aurélio

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *