Salve o Pantanal, de Gabriel Sá: um grito pela preservação ambiental

O cantor e compositor de Recife (PE) Gabriel Sá lançou, recentemente, o clipe de Salve o Pantanal, canção de 2013, que aborda com a propriedade de quem esteve na região e faz um apelo pela preservação do meio ambiente e o cuidado com a vida natural que há naquele lugar.

De acordo com o artista, nascido na capital pernambucana, tudo começou em 2011, quando ele esteve à beira do Rio Coxim, na cidade homônima do Mato Grosso do Sul, para participar de um evento de cinema pelo Sesi. Ele, que já havia disponibilizado a música em 2013, decidiu lançar o clipe da canção este ano, tendo como motivação o remake da novela Pantanal, exibido na faixa das 21h pela TV Globo, baseada na trama original de Benedito Ruy Barbosa, exibida pela extinta TV Manchete, em 1990.

O cantor e compositor Gabriel Sá nasceu no Recife, no dia 26 de abril de 1982, e, segundo ele, desde pequeno, já era ligado à música, devido, principalmente, às influências de seu pai e de sua avó paterna. “meu pai é do interior aqui de Pernambuco, duma cidade bem próxima ao lugar onde Luiz Gonzaga nasceu, bem pertinho de Exu, meu pai era de Bodocó. Então, essa região tem essa cultura do sanfoneiro, lá é sertão, é pé de serra”, inicia ele, em entrevista ao Versos e Prosas, contextualizando sua ligação, não apenas com a música, mas também com a natureza, bastante presente em sua carreira.

“Minha avó, mãe do meu pai, , era do Cariri, da região de Crato, Juazeiro, Barbalha, que, desde que eu nasci, eu vou muito visitar lá os primos, os parentes e tal, lá no Ceará, que é na região do Cariri,  no pé de serra mesmo, num lugar chamado Arajara, e ali, eu tive muita convivência com a natureza, com a questão de andar a cavalo, de tomar banho de rio, de cachoeira, de tomar água de bica, a proximidade com a cultura do Engenho, Amoenda, Entende? Enfim, brincar no mato, correr no mato, aquela coisa do interior mesmo. Então isso influenciou muito a minha musicalidade, porque esse contato com a natureza é fundamental. Fundamental  na minha carreira, na minha arte, como um todo”, explica Gabriel Sá, ao comentar sua forte ligação com a natureza.

As influências musicais de Gabriel Sá

O cantor e compositor pernambucano também falou de suas referências para a música, dos estilos dos mais variados que escuta, desde criança, até os dias de hoje, passando por diversos gêneros, inclusive a música clássica, mas é mesmo a Música Popular Brasileira que o encanta: “O Alceu Valença é uma das primeiras influências, então, minha influência, a minha musicalidade tem influência de artistas mineiros. Os nossos aqui, obviamente, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, mais pra cá, Lenine, em primeiro plano ali eu vi muito, muito Milton Nascimento. Milton Nascimento e Alceu Valença. Em seguida, Oswaldo Montenegro, Geraldo Azevedo, João Bosco, aí foi puxando. Aí, de Geraldo, passou pra Zé Ramalho, também, e bem mais pra cá, eu comecei a ouvir Vander Lee, ouvi muito Luiz Gonzaga também, obviamente que, já é uma influência de tabela porque Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, toda essa turma eh todos eles tiveram muita influência do Luiz Gonzaga, do Forró. Aí, mais pra cá, Maciel Melo, Xangai”, diz.

Mais uma vez, Gabriel fala do pai que, desde pequeno, já o indicava as músicas, inclusive tendo a trilha de Pantanal, exibida pela Manchete, como uma de suas inspirações:

“eu tinha oito anos, quando eu via a novela com meu pai. E aí foi quando eu descobri a sonoridade de Almir Sater, até porque ele fazia o papel ali de um violeiro, de um peão violeiro, Trindade. quem vai fazer agora é o filho dele que é meu xará, Gabriel, então, ali, a partir dali, eu comecei a ouvir também Almir Sater, a gostar muito da sonoridade dele. Então eu continuo ouvindo esses caras até hoje, muito, muito mesmo, tenho muita influência de Almir Sater, de Renato Teixeira, sabe? Mais pra cá, Victor e Leo também, que já tem influência deles também. Então, uma coisa vai puxando a outra, a gente vai se encontrando por ali, e aí você vai descobrindo também as parcerias que esses caras têm com outros compositores, com Guilherme Rondon, Paulo Simões, uma galera muito boa, o irmão de Almir, Rodrigo Sater, é muito bom, um grande músico, um grande cantor”, destaca Gabriel Sá.

Salve o Pantanal e seus bastidores

O cantor e compositor Gabriel Sá contou, ao Versos e Prosas, como ele, natural do Recife (PE), se inspirou para compor uma canção que fala, de forma tão precisa e clara, da região pantaneira, tão distante de seu Pernambuco.

De acordo com Gabriel Sá, ele, que era produtor cultural, foi participar de um evento de cinema, às margens do Rio Coxim, entre 2011 e 2012. Para a pré-produção, no entanto, ele passou por 16 cidades da quela região sul-mato-grossense, mas se inspirou, de vez, no local onde se compreendem os rios Coxim e Taquari: “E foi ali onde eu comecei a compor a música Salve o Pantanal, à beira do Rio Coxim, em uma pousada, que era praticamente encontro do Rio Coxim com o Rio Taquari. Então, eu comecei a compor essa música ali, às margens do rio, e isso já foi na pré-produção, certamente em 2011. E aí, a música foi amadurecendo ao longo dos dias e dos meses que a gente passou lá. Então, eu cheguei a voltar pra Recife, gravar a música, retornei ao Mato Grosso do Sul, já para fazer o evento e, nessa volta, levei o que eu tinha já gravado da música”, detalha ele, sobre o processo de criação de Salve o Pantanal.

Na sequência, Gabriel Sá relata de um locutor de rádio da região, que, ao ouvir a canção, logo se apaixonou pela letra e melodia, ficando encantado com aquela música que lhe foi recém-apresentada: eu sempre participava de entrevistas de rádio, para falar do evento, o cinema, e ali, naquele momento, eu externei minha veia artística para o apresentador, ele me perguntou: ‘você é músico também, é artista, você toca’? Eu digo: ‘Sim, inclusive eu compus uma música aqui, e fala da região de vocês, que chama-se Salve o Pantanal’. E ele perguntou se eu tinha a música, eu tinha em pen drive, coloquei a música para ele ouvir, e ele ficou ouvindo, sem me dizer nada, através do fone de ouvido e começou a conversar do cinema, e depois ele terminou, deu o intervalo e disse: ‘Daqui a pouco a gente volta, com o produtor cultural Gabriel Sá, que também é músico, artista. Ele fez uma música aqui, que eu já ouvi, no fone de ouvido aqui, sem ele saber, eu acho que tem muita influência da sonoridade de Almir Sater, de Renato Teixeira’. Quando ele disse isso, para mim, foi um bálsamo, uma alegria tremenda, uma pessoa da região ouvir a minha música e entender que eu tenho uma influência desses caras, sem eu ter falado nada sobre o assunto. Então, a mensagem foi muito bem passada, na minha opinião, tanto a música, quanto a poesia, que fala muito da cultura pantaneira”, descreve, em detalhes, Gabriel Sá, sobre todo o processo de composição e apresentação da música.

Gabriel Sá, mais uma vez, valoriza esta mistura de estilos e regiões brasileiras, ao comentar sobre suas influências pantaneiras e do Nordeste, onde ele nasceu e cresceu: Confira outras notícias diversas conosco.

“Então, essa música nasceu ali, e foi amadurecendo, ao longo dos meses que eu fui passando. Eu já tinha muita influência da musicalidade de Almir Sater, de Renato Teixeira, só que ali naquele momento eu estava levando a minha influência daqui do Nordeste, eu sou recifense, misturando com a música do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, e fez muito sentido para mim, porque está vivenciando esta experiência na prática foi maravilhoso! Então, eu tinha um sonho de conhecer esses rios, de andar em chalana, de tocar berrante, de tomar tereré, de tocar viola, também toco viola, eu fiz um curso de viola 10 cordas, aqui no Recife. Então, é só alegria”, comenta ele.

O clipe de Salve o Pantanal

Gabriel Sá também falou dos bastidores de produção do videoclipe da canção e dos elementos que ele se valeu para construí-lo: “E, recentemente, eu tive essa oportunidade e essa inspiração também de produzir o clipe. E aí, culminou com a história da novela, também, enfim, esses assuntos todos que já vinham falando sobre queimada. A música tem um apelo de preservação ambiental enorme também, nas frases que eu falo ali: ‘De proteger do fogo verde, a florir o remanso dos rios, que trazem você, com sua chalana, vai me levar’. Enfim, a música vai contando uma história, então ela tem esse apelo de preservação muito forte ali dentro da música.

Ainda sobre o processo de composição da música e do clipe, Gabriel Sá ainda nos contou de um detalhe bastante importante para quem ouve a canção, mais um toque dado pelo artista, pouco antes de finalizar o trabalho: “eu achei que estava faltando algo, algum elemento, eu sempre gostei muito dos sons da natureza. E se você prestar atenção, a música começa com o som de pássaros cantando, e, ao fundo, o barulho de água. aquilo ali, era uma filmagem que eu tinha que eu fiz lá no Mato Grosso do Sul, um lugar chamado Sete Quedas do Rio Verde. E eu fui num balneário lá, um balneário chamado Balneário do Didi. lugar belíssimo, um dos lugares mais lindos assim que eu conheci. E quando eu cheguei, tinham assim umas dez graúnas, lá eles chamam passo preto, cantando no chão assim tomando banho de sol e eu fui em direção a elas filmando e aí cantando. Ficou aquele barulho da cachoeira que estava ao fundo correndo e dos pássaros deles cantando ali, sabe? E aí eu tive essa ideia de pegar e levar isso, essa sonoridade pra música, que eu queria um som de animal, de natureza de lá da região da música também, sabe? Achei que estava faltando alguma coisa depois que estava tudo pronto. E foi isso que por último eu acrescentei na música e, em seguida, a gente masterizou e lançou no disco e lançou nas plataformas digitais todas aí. Salve o Pantanal”, afirma.

Salve o Pantanal: reverência e grito por socorro

Gabriel Sá ainda falou, ao Versos e Prosas, sobre o nome da canção, que pode ser tanto uma reverência à região pantaneira, quanto um grito por socorro ao ambiente natural:

“A música pode ser vista também como um grito de socorro. Ela já gera esse sentido, o nome da música é o sentido duplo. Salve o Pantanal de você estar aplaudindo o Pantanal, e Salve o Pantanal, propriamente dito, é uma exclamação, né? Salve o Pantanal!, salve o Pantanal, ou seja, ele precisa ser salvo. ‘Para se viver, salve o Pantanal. Onça pintada na mata sumiu, pra não morrer, salve o Pantanal’. Então, em tudo isso, eu estou falando da questão da preservação, entende?”, questiona Gabriel Sá, que fala de mais uma influência de Pantanal, a novela, na letra de sua canção:

“E aí entra a história da novela também, a inspiração da novela, quando eu falo ‘o som do berrante sou eu, chamando por você, saudade vem me ver’. Isso foi inspirado no personagem de Filó. Na primeira novela, né? Quando ela ouvia o som do berrante de Zé Leôncio vindo, voltando em comitiva para casa. Ela reconhecia o som do berrante dele e corria pra janela assim, sorrindo, e dizia: ‘Meu Zé, meu Zé que está chegando aí’. A frase em específico foi inspirada na novela Pantanal, a primeira, Da manchete”, finaliza Gabriel Sá.

Vale lembrar que Salve o Pantanal foi lançada por Gabriel Sá, em 2013, no álbum Para Tudo, Todos e Sempre… Já o clipe da canção chegou no início deste 2022.

Então, para ouvir “Salve o Pantanal”, do cantor e compositor recifense Gabriel Sá, acesse o link do Spotify. Agora, para assistir ao clipe da canção, acesse o player abaixo.

Marcos Aurélio

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