Brasil garante três nomes na lista dos 200 melhores cantores da Rolling Stone

A renomada revista norte-americana Rolling Stone publicou, esta semana, sua lista com os 200 melhores cantores da história. Aretha Franklin (1942 – 2018) lidera a seleta lista, que possui três brasileiros entre os 200 contemplados pelo periódico estadunidense.

Entre os nomes do Brasil que integram a lista da Rolling Stone, estão Caetano Veloso, Gal Costa (1945 – 2022) e João Gilberto (1931 – 2019).

Os repórteres da publicação fizeram altos elogios ao trio brasileiro e os considerou dignos que integrarem a lista, ao lado de nomes como Whitney Houston (1963 – 2012), Mariah Carey e Adele.

O baiano João Gilberto puxou a fila, entre os brasileiros, ocupando a posição de número 81, no ranking global. O jornalista argentino Ernesto Lechner, um especialista em música latina, foi só elogios não apenas a Gilberto, mas também a seus companheiros de Bossa Nova: “Um dos movimentos culturais mais poderosos a sair da América Latina, a bossa nova foi construída por seus três arquitetos fundadores: Antônio Carlos Jobim (1927 – 1994) era o compositor, Vinicius de Moraes (1913 – 1980) o letrista, e João Gilberto o cantor e guitarrista subestimado”, escreveu o especialista, para o Rolling Stone.

O argentino prosseguiu: “Um mestre da sutileza cosmopolitana, o nativo do Rio de Janeiro (na verdade, ele nasceu em Juazeiro, na Bahia) murmurava e sussurrava com uma facilidade que fazia cada canção parecer uma reunião casual de amigos. Esse estilo –com sua poesia e calor– era uma combinação perfeita com a narrativa da bossa de contemplar a vida na praia de Copacabana. O álbum de estreia de João Gilberto, de 1959, impôs o tom para a revolução que viria, e o clássico de jazz que ele fez com Stan Getz (1927 – 1991) em 1964 resumiu sua energia com Garota de Ipanema, que ele interpretou ao lado do inglês enrolado de sua mulher cadenciada, Astrud Gilberto”.

Ernesto Lechner também foi o responsável pela publicação do perfil de Gal Costa, para a Rolling Stone. A cantora e compositora baiana, que nos deixou ano passado, ocupa a 90ª posição, entre os 200 melhores cantores da história, de acordo com a publicação norte-americana.

“Em 1971, Gal Costa gravou Sua Estupidez, uma balada melosa do crooner pop Roberto Carlos, e a transformou em uma declaração devastadora de beleza e arrependimento. Assim era o poder transformador de sua voz”, iniciou o jornalista argentino na Rolling Stone.

O especialista prosseguiu, sobre a Musa da Tropicália:

“Como uma rainha Midas luminosa, a diva da Bahia transformava tudo o que tocava em ouro: tropicália chocante (Baby, um clássico brasileiro do fim dos anos 1960), samba-rock sexy (Flor de Maracujá), frevo exuberante de Carnaval (Festa do Interior), e bossa com funk (a versão dela de 1979 para o clássico Estrada do Sol é tão exuberante e mística que beira o surreal). A cantora mais transcendente da era pós-bossa, ela continuou fazendo música até a sua morte, aos 77 anos”, avaliou o argentino. Confira outras notícias conosco.

O cantor e compositor baiano Caetano Veloso, por sua vez, ganhou um texto escrito pelo autor norte-americano Michaelangelo Matos, que o comparou com uma lenda da música mundial:

“O maior cantor e compositor do Brasil, um equivalente de Bob Dylan criado em casa, um roqueiro revolucionário com uma inclinação literária pesada. Caetano Veloso é um mestre, sua voz aveludada e sua inteligência palpável se destacando até mesmo –e especialmente– quando ele está relaxado e murmurando”, escreveu o especialista, que emendou.

“Mas ele também é delicioso quando aumenta o ritmo e adiciona trinados e gritos empolgantes –e ele consegue transmitir isso tanto em inglês quanto em português”, continuou Matos, que citou uma fala de David Byrne sobre o amigo em 1999. “‘Acho que é difícil para nós do [hemisfério] Norte aceitar que alguém pode ser radical politicamente, culturalmente e musicalmente, e ainda assim ser romântico e amar uma melodia bela e sensual. Caetano consegue fazer isso’”, disse o líder do Talking Heads.

A relação de 200 melhores da revista Rolling Stone conta com nomes como Sam Cooke (1931 – 1964), Billie Holiday (1915 – 1959), Ray Charles (1930 – 2004), Stevie Wonder, John Lennon (1940 – 1980), Freddie Mercury (1946 – 1991), Prince (1958 – 2016), Elvis Presley (1935 – 1977). Já entre os nomes mais recentes, entraram para a lista Beyoncé, Taylor Swift, Ariana Grande, Billie Eilish, Rosalía, SZA, Lana Del Rey e Jung Kook, do BTS.

Marcos Aurélio

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