Que Tal Um Samba? Dá nome a single e turnê de Chico Buarque
Que Tal Um Samba? Assim nos convida Chico Buarque a um momento de alegria e superação, após estes tempos difíceis pelos quais todos nós estamos passando.
O single já está disponível, via gravadora Biscoiot Fino, desde sexta-feira (17), em todos os players de áudio digitais. Além disso, já há o lyric video da canção, que contou com a participação especial do bandolinista Hamilton de Holanda.
Que Tal Um Samba? Também dá nome a turnê que Chico realizará, a partir de setembro, passando por, no míimo, 11 cidades, já confirmadas, e que terá a participação da cantora Mônica Salmaso em todas elas.
Confira, com o Versos e Prosas, os detalhes do single e da turnê Que Tal Um Samba?, de Chico Buarque.
Que Tal Um Samba? Os bastidores da canção
Foram antes os dedos no violão – antes mesmo da cabeça pensar, do peito sentir – que pareciam fazer uma proposta à cabeça e ao coração: ‘Que tal um samba?’.
Depois de alguns anos praticamente dedicados à literatura, que resultaram no romance ‘Essa gente’ e no volume de contos ‘Anos de chumbo’ – cujo título e histórias refletem o contexto desses anos de baixo astral, pandemia, abandono e tragédia política – os dedos largaram as teclas do computador e finalmente de volta ao instrumento pareciam mesmo se rebelar e a procurar uma batida diferente, feliz, quase eufórica, uma levada ao violão como a insistir: ‘Que tal um samba?’. E aí, levada de samba nos dedos, cabeça e coração voltaram a pensar e a sentir a música e a agir. E Chico Buarque, como é bem de seu feitio, começou a recordar velhos sambas, um especialmente, sucesso de Blecaute no carnaval feliz de 1949, ‘Que samba bom’, composição de Geraldo Pereira também numa levada toda sincopada como a sua, algo eufórica, “ô, que samba bom/ô, que coisa louca/eu também tô aí/tô aí, que é que há/também tô nessa boca…”.
Sambas sobre samba, o ‘Feitio de oração’ de Vadico e Noel Rosa, essa tradição e esse espírito vinham junto com a levada ao violão como a propor ao compositor enferrujado: ‘Que tal um samba?’.
E aí, da levada criada exclusivamente pelos dedos se exercitando ao violão, o coração e a cabeça fizeram brotar uma melodia espontânea, fluente, a harmonia como sempre personalíssima. A letra, depois de alguns caminhos abandonados, veio aos borbotões. Um samba novo enfim, diferente de todos os outros que já fez, mas no mesmo espírito que baixa sempre quando o compositor de ‘Tem mais samba’, de ‘Apesar de você’, de ‘Vai passar’, de ‘De volta ao samba’ parece ter algo importante a notar e a dizer. Como sempre, nessas ocasiões importantes, em forma de samba.
Que Tal Um Samba? E a busca por um tempo melhor?
“Um samba pra alegrar o dia
Pra zerar o jogo
Coração pegando fogo
E a cabeça fria
Um samba com categoria, com calma”
‘Que tal um samba?’ é o que nos propõe agora, em junho de 2022, Chico Buarque: “Para espantar o tempo
feio/Para remediar o estrago”.
É o novo hino que Chico nos oferece, um samba que parece, como os dedos do compositor no início de tudo, buscar um tempo melhor (“Cair no mar, lavar a alma/Tomar um banho de sal grosso, que tal?”), espantar o baixo astral (“Sair do fundo do poço/Andar de boa”), procurar um samba pela cidade para se divertir (“Ver um batuque lá no Cais do Valongo/Dançar um jongo lá na Pedra do Sal/Entrar na roda da Gamboa”, diz, referindo-se aos berços e até hoje rodas de samba importantes no Rio).
‘Que tal um samba?’, este samba tão ao mesmo tempo urgente e já histórico, foi editado pela gravadora Biscoito Fino e lançado nas plataformas digitais na sexta-feira (17). E é a grande novidade da turnê pelo Brasil que o compositor inicia em setembro, por João Pessoa e, depois de percorrer Natal, Curitiba, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Porto Alegre, Salvador e Brasília, chega ao Rio em janeiro e a São Paulo em março do ano que vem.
No show, Chico terá no palco a companhia de Mônica Salmaso, a cantora dos compositores, que já gravou dois discos dedicados à sua obra (‘Noites de gala, samba na rua’, em estúdio e ao vivo) e fará números solo e duetos com ele, em todas as apresentações da turnê.
Conduzida evidentemente pela tal levada do violão de Chico, a gravação de ‘Que tal um samba?’ foi feita no estúdio da Biscoito Fino pelo conjunto que o acompanha há muitos anos, dirigido por Luiz Claudio Ramos, que toca o outro violão, João Rebouças no piano, Jorge Helder no baixo e Jurim Moreira na bateria. A cadência vibrante do samba fez necessária uma percussão, e para isso foi convidado Thiago da Serrinha. E um bandolim, do revolucionário do instrumento Hamilton de Holanda. Ambos, Thiago e Hamilton desde a introdução acompanham a caminhada literal do samba e costuram e enfeitam a gravação de contracantos e contrapontos exuberantes. Tornam-no ainda mais feliz.
Um samba eterno, histórico e político
Como ‘Apesar de você’ em 1970, ‘Que tal um samba?’ é em 2022 ao mesmo tempo um samba eterno, popular, mas essencialmente histórico, político. Política aí no sentido contemporâneo: vivida nas ruas, na praia, no futebol (“Fazer um gol de bicicleta/Dar de goleada”), no amor e na arte (“Deitar na cama da amada/Despertar poeta/Achar a rima que completa o estribilho”). E, sobretudo, na incorporação das causas mais abrangentes da vida das pessoas, como o antirracismo, explícito quando o samba propõe “Fazer um filho, que tal?”: “Um filho com a pele escura/Com formosura/Bem brasileiro, que tal?/Não com dinheiro/Mas a cultura/Que tal uma beleza pura”, em versos que citam a canção ‘Beleza pura’, de Caetano Veloso. Tanto em 70, como agora, os sambas adotam uma posição evidente contra os governos de turno, e já celebram antecipadamente o seu fim (“Depois de tanta mutreta/Depois de tanta cascata/Depois de tanta derrota/Depois de tanta demência/E uma dor filha da p***, que tal?/Puxar um samba”). Confira outros lançamentos conosco.
É nessa postura desabridamente política que está, a meu ver, outro fascinante segredo da gênese de ‘Que tal um samba?’ e de seu encanto e importância. Sim, ele foi feito, como vimos, com os dedos, a cabeça e o coração, mas também com o inconsciente, esse “ambiente” tão importante para criação. Ele nem notou, enquanto compunha ou gravava, a identidade de seu samba novo com ‘Eu quero um samba’, música consagrada pela gravação de João Gilberto que Chico escolheu para cantar quando, depois de quase 15 anos sem fazer show, voltou a se apresentar ao vivo em 1988. Além da levada parecida no próprio violão de Chico, ‘Que tal um samba?’ e ‘Eu quero um samba’ são versos em cinco sílabas, redondilhas menores, e sugerem a mesma coisa, o samba para superar o tempo ruim.
Que Tal Um Samba?: a esperança por dias melhores
Aí entram talvez os caprichos do inconsciente e das coincidências: a dupla Janet de Almeida e Haroldo Barbosa também lançou seu samba num mês de junho, só que de 1945. Não, como no caso de Chico, em forma de delicada proposta, ‘Que tal um samba?’, mas de desejo afirmativo, ‘Eu quero um samba’: “Porque no samba eu sei que vou/Me acabar, me virar, me espalhar/A noite inteira até o sol raiar”.
É que em junho de 45, eufóricos enfim com a derrota do nazifascismo depois de seis anos de guerra na Europa, e com a participação do Brasil, Janet, Haroldo e todo o samba brasileiro queriam e tinham mais é que já comemorar: “Vai melancolia/Eu quero alegria dentro do meu coração”, cantaria a plenos pulmões o grupo vocal Os Namorados da Lua, como a festejar a vitória do samba brasileiro sobre o fascismo e já vislumbrando a democracia brasileira que também seria estabelecida no ano seguinte.
Vivemos tempos ainda incertos, duros, pesados, e se Chico é mais cauteloso na proposta – ‘Que tal um samba?’ – já é ousadamente eufórico no samba que compôs para os dias que correm e os que virão. Que serão ainda de luta, afinal: “De novo com a coluna ereta, que tal?/Juntar os cacos, ir à luta/Manter o rumo e a cadência/Esconjurar a ignorância, que tal/Desmantelar a força bruta”.
Ignorância e força bruta, talvez uma definição de fascismo, certamente do espírito que se apossou do Brasil nos últimos anos, e que agora o samba brasileiro vem esconjurar, desmantelar. Cantando e feliz, no streaming, no teatro, na rua, até o pesadelo acabar.
Que Tal Um samba?: a turnê de Chico Buarque
Juntamente com o single anunciado nesta sexta-feira (17), Chico Buarque também divulgou sua nova turnê, com a participação especial da cantora Mônica Salmaso, em todas as cidades por onde Chico passar. A turnê também foi denominada Que Tal Um Samba?
Acompanhe, com o Versos e Prosas, as datas e locais já divulgados da turnê Que Tal Um Samba?, de Chico Buarque de Hollanda:
João Pessoa (PB)
Teatro Pedra do Reino
06 e 07 de setembro (terça e quarta-feira), às 21h30
Abertura das vendas: 22 de junho (quarta-feira), às 10h
Preços: Plateia A: R$ 480,00 (inteira) / R$ 240,00 (meia); Plateia B: R$ 360,00 (inteira) / R$ 180,00 (meia); Balcão: R$ 280,00 (inteira) / R$ 140,00 (meia). Ingressos online (neste site em bilheteriavirtual.com.br). Venda física: Loja Mioche, Shopping Manaíra.
Natal(RN)
Teatro Riachuelo
09 e 10 de setembro (sexta e sábado) , às 21h
Abertura das vendas: 22 de junho (quarta-feira), às 10h
Preços: Plateia A: R$ 700,00 (inteira) / R$ 350,00 (meia); Plateia B: – R$ 560,00 (inteira) / R$ 280,00 (meia); Camarote: R$ 500,00 (preço único); Balcão: R$ 400,00 (inteira) / R$ 200,00 (meia); Frisa 1 e 2: R$ 360,00 (inteira) / R$ 180,00 (meia); Frisa 3 e 4: R$ 320,00 (inteira) / R$ 160,00 (meia); Frisa 5 e 6: R$ 280,00 (inteira) / R$ 140,00 (meia). Ingressos online (aqui em uhuu.com). Venda física: Bilheteria do Teatro Riachuelo.
Fortaleza (CE)
Centro de Eventos do Ceará
22 e 23 de outubro (sábado e domingo), às 21h
Abertura das vendas: 24 de junho (sexta-feira), às 10h
Preços: Mesa: R$ 350,00 (por pessoa); Plateia: R$ 280,00 (inteira) / R$ 140,00 (meia). Ingressos online (neste link em bilheteriavirtual.com.br).
Porto alegre (RS)
Auditório Araújo Vianna
Temporada: 03 e 04 de novembro (quinta e sexta), às 21h
Abertura das vendas: 21 de junho (terça-feira), às 13h
Preços: Plateia Alta Lateral (Lote 1): R$ 260,00 (inteira) / R$ 130,00 (meia); Plateia Baixa Lateral (Lote 1): R$ 360,00 (inteira) / R$ 180,00 (meia); Plateia Alta Central (Lote 1): R$ 440,00 (inteira) / R$ 220,00 (meia); Plateia Baixa Central (Lote 1): R$ 540,00 (inteira) / R$ 270,00 (meia); Plateia Premium: R$ 660,00 (inteira) / R$ 330,00 (meia). Ingressos online (em www.uhuu.com). Venda física: Teatro do Bourbon Country (Av. Túlio de Rose, 80 – 71 – Jardim Europa, Porto Alegre – RS, 91340-110). Segunda a sábado das 13 às 21h, domingos e feriados das 14 às 20h.
Salvador (BA)
Concha Acústica do Teatro Castro Alves
Temporada: 11 a 13 de novembro (sexta a domingo), às 19h
Abertura das vendas: 24 de junho (sexta-feira), às 10h
Preços: Camarote: R$ 480,00 (inteira) / R$ 240,00 (meia); Plateia: R$ 240,00 (inteira) / R$ 120,00 (meia); Ingressos online em.
Rio de Janeiro (RJ)
Vivo Rio
05 a 08/01 e 12 a 15/01 (quinta a domingo), às 20h (dom), às 21h (sáb), às 21h30 (qui) e às 22h (sex).
Abertura das vendas: 22 de junho (público em geral), a partir das 10h.
*pré-venda Icatu e Vivo Valoriza: 20 e 21 de junho. Horário de início: dia 20, às 10h.
Preços: Camarote A – R$ 490,00 (inteira) | R$ 245,00 (meia); Camarote B – R$ 440,00 (inteira) | R$ 220,00 (meia); Camarote C – R$260,00 (inteira) | R$ 130,00 (meia); Frisa – R$ 280,00 (inteira) | R$ 140,00 (meia); Setor 1 – R$ 490,00 (inteira) | R$ 245,00 (meia); Setor 2 – R$ 440,00 (inteira) | R$ 220,00 (meia); Setor 3 – R$ 380,00 (inteira) | R$ 190,00 (meia); Setor 4 – R$ 280,00 (inteira) | R$ 140,00 (meia); Setor 5 – R$ 260,00 (inteira) | R$ 130,00 (meia); vendas online pelo (site www.vivorio.com.br.
As vendas e outros detalhes das demais cidades já anunciadas serão divulgados em breve.
Para curtir o single “Que Tal Um Samba?”, de Chico Buarque, escolha sua plataforma de áudio. Agora, para assistir ao clipe, acesse o player abaixo.