Novo álbum de Guilherme Arantes: inspiração em momentos de dor

O novo álbum de Guilherme Arantes, A Desordem dos Templários, já está disponível em todas as plataformas de áudio digitais, desde esta quarta-feira (28), data em que o cantor e compositor paulistano completa 68 anos.

Guilherme Arantes tem 45 anos de carreira, 27 álbuns já lançados, sendo 21 de inéditas.

O novo álbum de Guilherme Arantes, A Desordem dos Templários, além de estar nas mídias digitais, também está disponível em CD (digipack), em vinil 180 g (capa dupla com encarte em envelope interno) e, também, em cartão USB contendo áudios em resolução de estúdio (48 Khz/24 bits). Além disso, o novo álbum de Guilherme Arantes conta com vídeos de “making-off” das gravações, pontuados com imagens ilustrativas inspiradas nas letras.

Acompanhe todos os detalhes do mais novo álbum de Guilherme Arantes, A Desordem dos Templários, com o Versos e Prosas.

Capa do novo álbum de Guilherme Arantes, A Desordem dos Templários
FOTO: Arte de Daniel Miguez

Os bastidores do disco

O novo álbum de Guilherme Arantes, A Desordem dos Templários, contém 10 faixas inéditas, sendo 8 canções, um tema instrumental progressivo e, ainda, uma vinheta de sonoplastia conceitual. Como faixa-bônus no CD, há uma versão em inglês para a música “A Cordilheira” (Across the Abyss). O USB card traz ainda uma versão instrumental de A Cordilheira.

Em 2019, Guilherme Arantes viajou com sua esposa, Márcia Miguez Gonzales, para a Espanha, para uma temporada de estudos de música renascentista e barroca e, também, para um período de imersão em Literatura e História.

A intenção original era uma reciclagem, com a retomada de estudos de Scarlatti, Handel, Couperin, Bach, clássicos do cravo. Sem nenhuma intenção de produzir material novo, era uma volta radical à estaca-zero na música.

Com a chegada da pandemia da Covid-19 na Europa, no início de 2020 essa temporada de reclusão se intensificou, restringindo-se a circulação pelo perímetro da província de Ávila, em Castilla & León, a norte de Madrid. O clima serrano, os costumes de cidade histórica interiorana foram propiciando novas inspirações melódicas, em letras reflexivas com forte teor emocional.

Além do cotidiano peculiar da cidade, seus recantos, seus sons, silêncios e aromas, vários outros fatores contribuíam para um tom de retrospectiva do tempo e da própria vida, como se fossem as remotas férias prolongadas da infância e adolescência, longe de casa… Durante esse período, foram sendo adiadas as possibilidades de retornar ao Brasil, com a evolução da crise sanitária.

Também se tornou um período de provações adicionais, por conta de uma cérvico-braquialgia incapacitante que acometeu Guilherme durante oito meses em 2020, com algumas recidivas em 2021.

Confinado em casa pelas restrições do Estado de Alarma na Espanha e, ainda muito prejudicado, em boa parte do ano, pelas limitações físicas e pela dor excruciante na coluna, Guilherme mergulhou profundamente na leitura e no fluxo poético, rapidamente enchendo um caderno de novas letras que se tornariam embrião de um novo ciclo, a partir desse período atípico da vida e do mundo.

O novo álbum de Guilherme Arantes e a homenagem para a mãe do artista

Também em 2020, Dona Hebe, a mãe de Guilherme Arantes, sofreu um declínio rápido do seu estado de saúde, e acabou por falecer em novembro, numa provação especial para o compositor, que no sofrimento da distância compulsória, acabou por compor uma música, que integra o novo álbum de Guilherme Arantes, para que sua mãe escutasse nos seus últimos momentos de vida, uma experiência inédita, uma verdadeira comoção.

O próprio cantor e compositor falou como surgiu a canção que homenageou sua mãe, pouco antes de sua partida. “Lá de São Paulo, vieram graves notícias de que minha mãe entrava  na etapa final da sua vida, uma experiência angustiante para mim, longe e isolado pelas impossibilidades de viajar (eu já trazia o pressentimento de que não iria revê-la mais, desde a festa do Natal em Santos…) (quando ambos se encontraram em 2019), me vi diante de um outro desafio emocional urgente, que seria compor uma canção – era o que eu poderia fazer – para que ela escutasse a minha declaração de amor com elementos muito pessoais entre nós dois, a melhor que eu fosse capaz de realizar. Ainda consegui que ela escutasse a canção, mesmo que embrionária, e isso significará muito para mim, eternamente.

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Hebe era a deusa grega que trazia o néctar da vida, então coloquei isso na letra, nada mais pessoal para ela. Convidei o genial Arthur Verocai para escrever esse arranjo das cordas, e o piano acústico seria gravado somente em 11 de março de 2021, na Sala Sinfônica do Centro de Convenções Lienzo Norte de Ávila.

As preparações para esse dia ocuparam muitos meses, providenciando e configurando microfones e pré-amplificadores de última geração, com modelagem em DSP, padrão duplo “Blumlein” quadrafônico, aproveitando plenamente o Auditório vazio com o excelente piano Steinway “D” Hamburgo no palco. Um momento único, mágico, indescritível para mim!”, confessa o artista.

Trabalho produzido à distância

Com o repertório do novo álbum de Guilherme Arantes sendo construído em um pequeno estudiozinho doméstico, quando ficou claro que estava sendo criada uma nova coleção, uma nova safra, talvez um disco estivesse a caminho, Guilherme arregimentou a banda em São Paulo, para que elaborassem à distância as participações de bateria (Gabriel Martini), baixo (Willy Verdaguer), guitarras e violões (Luiz Sérgio Carlini e Alexandre Blanc) violinos (Cassio Poletto)  e trompete (Luciano Melo) , bem como convidou  o maestro Arthur Verocai para escrever o arranjo de cordas da música Estrela-Mãe, aquela que homenageou Dona Hebe. Tudo, obviamente, foi feito via internet, única fórmula possível em tempos de isolamento social.

Novo álbum de Guilherme Arantes: A Desordem dos Templários

Envolto nas névoas de um clima onírico, é um álbum impregnado de tons medievais, renascentistas e barrocos, misturando à balada pop tradicional do compositor os elementos fundamentais de uma “concepção musical brasileira”, como o lundu, a valsa, a modinha, a bossa nova, a toada ternária mineira e até o baião,… O título do álbum, é um delírio influenciado pelo “realismo fantástico”, pano de fundo da cultura reminiscente de uma mocidade vivida em tempos de rock progressivo, viajeiro, com elementos da cultura armorial, do cordel, trazendo -através de um olhar ibérico- um resgate sonoro  de algumas mitologias ancestrais do povo brasileiro.

Pela primeira vez, na música-título do álbum, Guilherme se aventura pelo que denomina “um manifesto progressivo-cangaceiro” diante da truculência e impunidade normalizadas no nosso mundo, a “guerra de narrativas”: uma nova Idade Média na barbárie das redes sociais.

É uma alegoria ao estado de catatonia desta nossa humanidade frente ao “Códice Dual”, a estrutura binária do pensamento, um permanente conflito armado no coração humano. Um constante estado de beligerância instalado na alma, que determina, no mundo exterior, no espaço-tempo da Ágora, o caos que conduz as sociedades à aniquilação e precisará ser superado para a sobrevivência da civilização humana.

O cantor e compositor Guilherme Arantes dá mais detalhes sobre o título do novo álbum. “Nascia, assim, com essa música-título, A Desordem dos Templários, um disco épico-Progressivo, híbrido de conceitual, que há tantos anos eu jurava que um dia iria fazer… O hiato da pandemia, interrompendo a carreira desabalada do tempo, colocando a grande festa global das “Madris metafóricas do mundo” em xeque-mate, iria me ajudar muito nessa hora.

A letra explodiu num fluxo de consciência irrefreável, e quando eu vi, pofff, estava ali despejado a lápis um poema épico no caderno espiral, por sobre a cama, durante o repouso forçado em que me vi prisioneiro. O trecho em ritmo de repentista me pareceu um convite irresistível. Eu nunca havia composto um baião, estava buscando um rock de cangaceiro em pleno Século 21. Parecia “música grande” de Festival, na sua mais gloriosa Era do Brasil. Ressuscitei em mim aquele velho sonho de menino, de um dia ser relevante para a Música Popular”.

Mesmo as músicas amorosas desse disco vêm, através de sonhos em madrugadas delirantes, revisitar outras épocas remotas, como se o tempo estivesse fluido e incontrolável, numa temporada tão apartada do “espaço-tempo” real.

Videoclipes retratam as canções de Guilherme Arantes

Na impossibilidade de contar com os instrumentos no estúdio da Bahia, especialmente o piano de cauda, para a gravação do novo álbum de Guilherme Arantes, A Desordem dos Templários, o artista alugou a Sala Sinfônica do Centro de Exposições e Congressos Lienzo Norte, em Ávila, na Espanha, com um piano Steinway “D” Hamburgo, e preparou as sessões de gravação, no palco de um auditório vazio, com as interpretações registradas também em vídeo para os “making-offs” desse momento único.

Uma microfonação quadrafônica foi utilizada, com duplo padrão “Blumlein” para captar o som magnífico da sala de concertos, toda revestida em madeira de lei, considerada uma das melhores acústicas da Europa.

A capa do álbum é um trabalho do professor espanhol de ilustração Daniel Miguez. A programação gráfica, uma curtição à parte para Guilherme, brinca com uma estrutura de “almanaque” e tipologias de xilogravura.

A mixagem foi feita por Moogie Canazio, em Woodland Hills, na Califórnia, onde também o álbum foi masterizado no Howie Weinberg Mastering Studio, por Howie Weinberg e Will Borza.

A distribuição digital é feita pela AltaFonte.

Para ouvir, agora mesmo, o novo álbum de Guilherme Arantes, “A Desordem dos Templários”, escolha sua plataforma de áudio favorita!

Marcos Aurélio

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