Álbum de Alexandre Nero, o quarto da carreira, conta com convidados especiais

O quarto álbum do ator Alexandre Nero, Quarto, Suítes, Alguns Cômodos e Outros Nem Tanto, que retoma sua carreira como cantor e compositor após mais de dez anos, já está disponível, desde esta terça-feira (12), em todos os aplicativos de streaming.

O disco, que contém 11 faixas inéditas, também conta com participações mais do que especiais de verdadeiros ícones da nossa Música Popular Brasileira, como os saudosos Aldir Blanc e Elza Soares, além do eterno Bituca, Milton Nascimento, que divide Em Guerra de Cego com Nero.

Confira os detalhes da retomada do ator Alexandre Nero para o mundo da música, com o lançamento de seu quarto álbum, Quarto, Suítes, Alguns Cômodos e Outros Nem Tanto, a seguir, com o Versos e Prosas.

Alexandre Nero e a retomada na carreira musical mais de dez anos depois

“Um vírus nos virou do avesso, nos arremessou pra dentro”, canta, de forma doce, Alexandre Nero, enquanto dedilha seu violão, repetindo no instrumento cada nota emitida por sua voz. E assim, súbita e delicadamente, somos arremessados para dentro de Quarto, Suítes, Alguns Cômodos e Outros Nem Tanto (Selo Risco), quarto disco solo da carreira que o músico, cantor e compositor curitibano retoma depois de mais de uma década sem voltar-se para a música.

“Um vírus, um tiro, a peste, o escuro, Moby Dick, Tiranossauro Rex”, ele segue cantando em “Virulência”, faixa que abre o álbum e que o vai descortinando como se revelasse um segredo, e aos poucos revela o time que Nero reuniu para voltar à música, onze anos depois de seu último disco, Vendo Amor em Suas Mais Variadas Formas, Tamanhos e Posições (2011). Primeiro o piano do cúmplice Antônio Saraiva, seguidos dos samples de David Brinkworth e da percussão de Vina Lacerda e as cordas russas da St. Petersburg Studio Orchestra.

A primeira faixa cresce ainda mais quando descobrimos que a letra desta música é uma das últimas do saudoso Aldir Blanc (1946 – 2020), letrista máximo da música brasileira, de quem Alexandre se aproximou quando resolveu fazer este novo disco. A carga poética de “Virulência”, que acaba se espalhando por todo o resto do disco, ganha força quando ouvimos a letra do poeta de “O Bêbado e o Equilibrista”, “Amigo é Pra Essas Coisas” e “O Mestre Sala dos Mares” fala sobre o período da pandemia, que terminou por tirar sua própria vida. O vírus citado é o próprio coronavírus e ouvir Alexandre Nero cantando sobre falta de ar, governo deserto e sobre a necessidade de se inventar um lado de fora depois da passagem de Aldir já torna este disco um acontecimento. Confira outros lançamentos conosco.

Milton Nascimento e Elza Soares também dão charme ao disco

Não é o único momento em que Quarto, Suítes, Alguns Cômodos e Outros Nem Tanto assume este papel – muito pelo contrário. As presenças majestáticas de Milton Nascimento (em “Em Terra de Cego”) e Elza Soares (1930 – 2022) (em “Miseráveis”) são duas pedras preciosas únicas que consagram esta coroa silenciosa que o cantor e compositor entrega ao ouvinte. Um disco intenso e dramático que nasceu triste para entregar-nos um horizonte nesta época de trevas que atravessamos.

O reencontro de Nero com a música dez anos depois nasceu justamente daí. “Eu queria um disco triste”, diz o cantor e ator, ao se lembrar do que lhe reaproximou do violão e da composição. Depois de mais de uma década dedicando-se essencialmente à atuação, embora tenha gravado um disco e um DVD ao vivo neste período, ele reencontrou-se com a música. Farto de tentar a carreira musical com canções autorais, ele passou para a frente das câmeras e ficou de mal com o violão. Mas foi no sertão da Paraíba, gravando uma série entre 2017 e 2018, que o reaproximou de seu instrumento e compôs uma canção que gostou. Uma canção triste.

“Lajedo do Sertão” foi a primeira composição que fez com que ele cogitasse voltar à música e aos poucos outras foram surgindo, no lento e doloroso processo criativo do compositor. “Eu sou muito exigente e sofro com isso, com raras exceções minhas composições são feitas rapidamente – e não tenho nenhum orgulho disso”, continua lembrando dos primeiros dias deste novo trabalho, quando também viu surgir “Meu Bloco Taí”, que lhe deu a certeza de que queria gravar um disco. E começou a chamar parceiros para compor este seu quarto álbum solo.

Da tristeza para a redenção

A tristeza, no entanto, aos poucos foi abrindo espaço para a redenção. Nero explica que fazer esse disco foi como uma tábua de salvação para os dias pesados que já vivíamos antes da pandemia, mas a realização do álbum aos poucos lhe trouxe esperança, à medida em que ia na contramão da correria frenética dos dias de hoje. Quarto, Suítes, Alguns Cômodos e Outros Nem Tanto é um disco cheio de pausas, silêncios, andamentos lentos e sentimentos à flor da pele.

Gravado em plena pandemia nos estúdios caseiros de Nero e de seu produtor e parceiro Antônio Saraiva, o disco carrega uma sutileza sublime que vai para além do clima original que motivou o disco. Como ele mesmo escreve em uma de suas canções, “só quem tocou a tristeza um dia pode reconhecer a beleza e a alegria”.

Nascido em Curitiba, criado em São Paulo, Alexandre Nero começou a compor em Muzambinho, no Sul de Minas Gerais, onde passou um pequeno período para estudar e acabou aprendendo a tocar violão. Em seguida, voltou para São Paulo, onde começou sua carreira musical na marra, a partir da morte dos pais, quando ainda era adolescente. Passou a viver de música e assim mudou-se para Curitiba, onde profissionalizou-se, primeiro como artista solo, e depois como integrante do grupo Fato, com o qual gravou três discos. Foi da carreira musical que surgiu o interesse pelo palco e pelo espetáculo, o que o levou para o teatro, carreira que tocava em paralelo à vida na música. A carreira de cantor e compositor foi ofuscada pela atuação, que o fez mudar-se para o Rio de Janeiro e agora, mais de dez anos depois, Alexandre Nero retoma a música, num disco que repensa a tragédia dos dias atuais e acende um farol no horizonte – o farol da beleza.

Confira, com o Versos e Prosas, o repertório completo do disco:

Virulência (Aldir Blanc/alexandre Nero/ Antônio Saraiva)

Meu bloco taí ( Alexandre Nero/L.F.Leprevost/Adriano Petermann/Gilson Fukushima)

Beleza na tristeza (Alexandre Nero/ L.F.Leprevost)

Em guerra de cego (Alexandre Nero/Fabio Freire)

Participação: Milton Nascimento

Bola de fogo (Alexandre Nero/Fabio Freire)

A Partícula (Alexandre Nero/João Cavalcanti)

Lajedo do sertão (Alexandre Nero)

Mata (Alexandre Nero/Antônio Saraiva)

Nossa Senhora de Copacabana (Alexandre Nero/L.F.Leprevost)

Miseráveis (Alexandre Nero/Fabio Freire)

Participação: Elza Soares

Sem Mais (Alexandre Nero)

Para ouvir as 11 faixas do álbum “Quarto, Suítes, Alguns Cômodos e Outros Nem Tanto”, do ator, cantor e compositor Alexandre Nero, acesse sua plataforma digital.

Marcos Aurélio

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *