História da música A Lógica da Criação, de Oswaldo Montenegro
Com uma mensagem reflexiva sobre Deus, o homem e o mundo, A lógica da criação é uma das canções mais profundas de Oswaldo Montenegro, nascida de um filme que fala de solidão.
Quer saber mais sobre isso e sobre a história dessa canção? Então não pare de ler. Vamos te contar tudo sobre a origem e mensagem da composição logo abaixo.
Acompanhe:
História da música A lógica da criação
Lançada como parte da trilha sonora do filme Solidões, de 2013, segundo longa-metragem de Oswaldo, A Lógica da Criação foi composta e interpretada pelo próprio cantor, cativando os ouvintes com uma mensagem profunda e habilidade poética marcantes.
Na canção, o eu lírico apresenta as grandes questões que marcaram o ser humano sobre Deus e a sua criação, em um tom poético e reflexivo que completam a ideia e a mensagem temática da música.
Usada junto a outras canções originais do cantor, a lógica da criação conversa com o tom reflexivo do longa, trazendo à tona questões que muitos de nós nos fazemos, talvez em um momento de solidão, e cujas respostas não são fáceis de conseguir.
Talvez por conta disso, a música combine tanto com o tom do filme, que também nos leva à reflexão, explorando a experiência da solidão humana em diversos sentidos.
A lógica da criação e o filme Solidões
Composto de vários episódios auto-contidos com histórias sobre solidão, o longa de Oswaldo Montenegro trabalha de formas diferentes as muitas manifestações desse sentimento, que tanto assola as pessoas no mundo atual.
Segundo o cantor, o filme surgiu da necessidade de explorar esse vazio que existe na vida humana, e, desde uma mulher que perdeu a memória a atores em um teste para um filme, ou idosos de uma comunidade pobre, todos passam pelas mãos do cantor-cineasta, e expõem suas questões na tela.
Casando com esse tema, A Lógica da Criação aparece próximo ao fim do filme, acompanhando a cena de um homem solitário, vivido pelo próprio cantor, que sobe as escadarias de uma igreja, talvez em busca de redenção.
Com isso, a canção fala sobre, talvez, a maior das solidões, a solidão de uma pergunta não respondida, de contradições e da perda da fé, em meio à estranheza e irracionalidade do mundo.
A lógica da criação e as canções presentes em Solidões
Com um tom reflexivo e letra marcante, A Lógica da Criação toca fundo o ouvinte, e compõe de forma certeira a trilha sonora do longa.
Mas além dessa canção, outras músicas importantes fazem parte da trilha, algumas compostas para o filme, e outras que já haviam se consagrado na carreira do cantor, criando a atmosfera perfeita para a temática das narrativas.
Confira as 4 principais músicas de Solidões:
Intercalando canções em trechos específicos do filme, Oswaldo cria uma experiência multimídia, dando ao espectador a sensação de estar em um musical, ou em um show cinematográfico, marcando tanto o seu talento como diretor, quanto o que tem para compor grandes canções.
Com tanta grandeza por trás de sua composição, A Lógica da Criação tinha que trazer uma mensagem de igual tamanho, engrandecendo o público assim como faz com o filme.
Uma canção sobre Deus, o homem e suas grandes questões
Considerando-a fora da temática de Solidões, A Lógica da Criação mantém sua qualidade poética, mostrando que as canções de Oswaldo falam com pessoas de qualquer época ou lugar, independente das suas restrições de mídia.
Pondo em cheque as grandes questões do homem sobre Deus, a canção nos faz refletir sobre o nosso papel no mundo, sobre as contradições das ações de um ser divino e sobre livre-arbítrio, e até mesmo sobre a confiança que a fé nos exige. Confira outras histórias das músicas conosco.
Com tudo isso, também questiona as ações contraditórias da criação, que podem confundir, mas nunca são injustificadas, e no fim, o cantor expressa que não entende Deus, mas o ama mesmo assim, chegando a talvez a única conclusão adequada para tais questões.
E tudo isso sem nunca abrir mão da qualidade lírica…
Analisando a letra de A lógica da Criação
Começando com o questionamento sobre o pecado humano e o livre arbítrio, os primeiros versos de A Lógica da Criação apresentam já de cara as questões por tratar na música, e os problemas verdadeiros que cada uma traz.
Confira as duas primeiras estrofes:
O mérito é todo dos santos
O erro e o pecado são meus
Mas onde está nossa vontade
Se tudo é vontade de Deus?
Apenas não sei ler direito
A lógica da criação
O que vem depois do infinito
E antes da tal explosão?
Em seguida, vemos questões como a consciência da morte e o sacrifício de Jesus na cruz, assim como a contradição da presença do sexo na vida do homem.
Por que que o tal ser humano
Já nasce sabendo do fim?
E a morte transforma em engano
As flores do seu jardim
Por que que Deus cria um filho
Que morre antes do pai?
E não pega em seu braço amoroso
O corpo daquele que cai
Se o sexo é tão proibido
Por que ele criou a paixão?
Se é ele que cria o destino
Eu não entendi a equação
Por fim, temos a constatação que apesar das contradições, questões insolúveis e imperfeições do mundo, tudo que resta ao homem é admitir sua ignorância e amar a Deus intensamente.
Por que me fez tão errado
Se dele vem a perfeição?
Sabendo ali quieto, calado
Que eu ia criar confusão
E a mim que sou tão descuidado
Não resta mais nada a fazer
Apenas dizer que não entendo
Meu Deus como eu amo você!
Sobre a carreira musical e cinematográfica de Oswaldo Montenegro
Com mais de 40 anos de carreira musical, Oswaldo Montenegro é um dos mais talentosos artistas da música brasileira, tendo estendido sua arte também para o teatro e para o cinema.
Com mais de 40 discos gravados, dedicou uma parte deles para as trilhas dos filmes que produziu e dirigiu, como a trilha sonora de Solidões ou de O Perfume da Memória, um de seus longas mais premiados.
O cantor também já compôs para teatro, balés e óperas, em suas próprias produções ou em colaboração com outros artistas, fato que o torna uma das figuras mais versáteis do meio cultural brasileiro.
Que tal relembrar uma de suas canções mais reflexivas?
Clique no player abaixo e escute a melodia de A Lógica da Criação.
