40 anos do Rock Brasil: grandes nomes falam de sua influência até hoje

Dando sequência ao especial Rock Brasil 40 Anos, produzido pelo Versos e Prosas, em referência ao movimento vanguardista que mudou, para sempre, a linguagem e o formato da música brasileira, a gente traz, esta semana, os depoimentos de 15 grandes artistas, que, de alguma maneira, foram influenciados pelo movimento, que completa 40 anos neste 2022.

Eriberto Leão, Paulinho Moska, Claudio Nucci, Zé Renato, Badauí do CPM 22, Felipe Cambraia, Henrique Portugal, Marcão Britto do Charlie Brown Jr., Ivo Pessoa, Eduardo Schuler da Colomy, Tuia, Visso Lana, Péricles Garcia, Ricardo Vignini do projeto Moda de Viola e Wills Tevs falaram, com muita emoção e carinho, de como nomes como Blitz, Barão Vermelho, Legião Urbana, Titãs, Paralamas, dentre tantos outros, os influenciaram e continuam exercendo influências, até os dias atuais.

Confira trechos dos depoimentos aqui e, o relato na íntegra, no canal do YouTube do Versos e Prosas.

Eriberto Leão: ‘moldaram a minha visão de mundo’

O consagrado ator, com grandes atuações especialmente na TV Globo, também manda muito bem na música e seu estilo preferido é o rock!

Eriberto Leão, que participou da edição de 2019 do programa Popstar, também exibido pela emissora carioca, deixou claro, por lá, seu estilo preferido. O ator comentou sobre a influência que a geração do Rock Brasil Anos 80 trouxe, como um admirador do gênero:

“O rock n roll salva! E o rock dos anos 80 tem uma importância absurda para o nosso país, foi responsável pela abertura e uma consciência coletiva de uma geração inteira, que é a minha relação também! Eu nasci em 72, então de Legião Urbana a Paralamas do Sucesso, a Plebe Rude, a Ira!, ao nosso grande pai do rock n roll, Raul Seixas, todos esses artistas, do rock n roll, moldaram a minha visão de mundo, me influenciaram profundamente, em termos literários, inclusive, poéticos, literários, filosóficos e existenciais! Viva o rock n roll!”, celebrou Eriberto Leão.

Paulinho Moska: ‘o Brasil consegue misturar tudo’

O cantor e compositor Paulinho Moska também falou sobre a importância e a influência que a geração do rock brasileiro dos anos 80 teve em sua carreira.

Após citar grandes nomes da MPB, como Caetano, Gil, Milton, dentre outros, que o influenciaram, Moska discorreu sobre o rock brasileiro e a importância da geração dos anos 80 para ele:

“Eu passei a ouvir, a prestar atenção no rock, quando os brasileiros começaram a fazer rock. Já tinha rock no Brasil antes, com Rita Lee, com Raul Seixas, com Mutantes, mas eu ouvia como se fosse MPB (risos). Eu não pensava que era rock, eu não dava esse nome de rock. Eu ouvia como MPB, para mim era um saco, onde cabia tudo. E, até hoje, é um pouco isso: a MPB é um pouco de tudo que rola no Brasil: pop, rock, samba, funk, baião, forró. O Brasil consegue misturar tudo, na sua linguagem pop, pop rock, né, e fica tudo com cara de Brasil!”, acredita.

“Aí, começaram a surgir as primeiras bandas, Paralamas, Legião, os primeiros discos, 81, fui no primeiro Rock in Rio, assisti shows de muitos brasileiros roqueiros. Ali eu me encontrei com o rock. Começou minha adolescência, essa adolescência de festinha na casa dos amigos, e tinha dança, e a gente dançava Legião, dançava Paralamas, dançava Titãs, dançava Barão. Então, é superinteressante que, no meio desse movimento dos anos 80, quando o rock virou mainstream, que até então o rock era meio alternativo, é a minha geração! É essa geração que eu vou começar a escutar, e me identificar, e dentro desses grupos todos, aparecem figuras maravilhosas, gênios, príncipes, ícones, da geração, como Cazuza, com sua verve maravilhosa, o seu personagem incrível, desafiador, e as letras maravilhosas, a originalidade do Cazuza, sempre me pegou muito”, diz Paulinho Moska. Confira outras notícias diversas conosco.

Na sequência, ele ainda citou nomes como Renato Russo, Arnaldo Antunes e os Titãs. Ele afirma que a gente tem que comemorar muito, os 40 anos do Rock Brasil, e que eles continuam aí, firmes e fortes.

Claudio Nucci: ‘nunca deixei de olhar para o rock com bons olhos’

O cantor e compositor Claudio Nucci, ex-integrante do grupo Boca Livre e que, recentemente, comemorou 40 anos de carreira, também comentou, ao canal do YouTube do Versos e Prosas, sobre a importância da música em geral, e rock, em particular, em sua carreira:

“Eu sou um grande admirador de música em geral, eu ouço música de todos os tipos! Acredito que a música é uma expressão livre, é uma expressão que tem, em seu escopo, várias funções, entre elas, a de dança, a de catarse coletiva, de concentração, harmonização. A música cura de várias formas. E o rock é uma delas”, iniciou ele, que prosseguiu:

“Eu tenho uma história com o rock n roll que vem desde os anos 60, quando eu ouvia, no intervalo do recreio, Rolling Stones, Bee Gees, Beatles. E eu comecei a tomar aquele gosto pelo rock, também na época que surgiu no Brasil, a Jovem Guarda, que tinha uma certa ligação com o rock. Eu fiquei muito feliz em conhecer os Mutantes, por exemplo, através dos festivais da TV Record, dos anos 60. E aí, eu comecei a seguir”, situou.

Na sequência, ele cita nomes que foram suas referências musicais, tais como Chico Buarque, Edu Lobo, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Jobim, Dorival Caymmi.

“Eu fazendo meu emepebezinho ali, um pouco mais melódico e harmônico, nunca deixei de olhar para o rock com bons olhos, e de gostar de ir para as festas e dançar. E fiquei muito feliz quando apareceu, nos anos 80, aquela galera, que começou a entrar nas gravadoras. Eu me lembro que eu era contratado da Odeon, e conheci os três caras dos Paralamas, por exemplo, que já estavam contratados da gravadora, para fazer o seu disco. Conheci ali também, nos corredores da Odeon, Renato Russo, e comecei a tomar contato com aquela galera que estava fazendo música. Um texto mais contundente, e com um texto diferente daquilo que a gente estava acostumado. A contundência e a irreverência do rock é inegável! É uma batida forte, uma harmonia simples, uma coisa que pega no corpo e um texto que abre a cabeça!”, acredita Claudio Nucci.

Zé Renato: ‘o Rock Brasil faz parte dessa riqueza’

O cantor, violonista e compositor capixaba Zé Renato, também integrante do Boca Livre, falou sobre a importância do movimento Rock Brasil Anos 80 para a sua carreira:

“A música brasileira é muito rica, e o Rock Brasil faz parte dessa riqueza! Eu sou fã de vários músicos, compositores, grupos ligados ao rock brasileiro. Entre eles, Paralamas, tem o Herbert (Vianna), que é um super compositor, o Bi (Ribeiro), o (João) Barone, músicos fantásticos; o Barão Vermelho, desde que surgiu com o Cazuza, e hoje em dia ainda continua sendo um grupo maravilhoso; Frejat, super compositor, instrumentista; Lulu Santos, que é excelente guitarrista, compositor, cantor. Enfim, eu sou fã de todos eles!”, afirma.

Badauí CPM 22: ‘grandes nomes que fizeram a diferença’

O cantor e compositor paulistano Badauí, líder e vocalista do CPM 22, também citou suas referências musicais, advindas da geração do Rock Brasil Anos 80. Ele enumera alguns nomes:

“Eu estou aqui para dar os parabéns aos 40 anos do Rock Brasil, tem tantas bandas nesse contexto todo, os Titãs, Paralamas, bandas antigas, e que são grandes nomes que fizeram a diferença, em uma época muito importante e, consequentemente, influenciaram a nossa geração, inclusive o CPM 22!”.

Felipe Cambraia: ‘essas bandas fizeram a minha cabeça’

Felipe Cambraia, músico, baixista da banda de Nando Reis há mais de 20 anos, comentou, ao canal do YouTube do Versos e Prosas, sobre a importância de bandas como os Titãs, para a sua caminhada na música:

“Eu comecei a me interessar por música, a querer a tocar, por conta desses caras: Titãs, Barão Vermelho, Plebe Rude, Capital (Inicial), Lobão, Os Paralamas (do Sucesso), enfim. Essas bandas fizeram a minha cabeça e me empurraram, me incentivaram, a começar a minha caminhada na música. Então, eu posso dizer que são muito importantes na minha vida, até hoje!”.

Em seguida, ele citou a importância dessa geração para outras bandas, que surgiram nos anos 90, tais como Skank, O Rapa, Charlie Brown Jr.

Henrique Portugal: ‘falar de pop rock, para mim, é muito fácil’

O cantor, compositor e tecladista do Skank, e também segue em carreira solo, Henrique Portugal, também falou sobre a importância da geração dos anos 80 em sua carreira e de como essa turma o influenciou:

“Falar de pop rock, para mim, é muito fácil! 40 anos de pop rock, Paralamas, uma grande referência, não só para mim, mas para a história do Skank, a mistura da música jamaicana; gosto muito de Titãs, mas meu disco predileto é o Õ Blésq Blom, ele que é o disco mais pop dos Titãs. Então, gosto muito dessa geração, porque eles fizeram a trilha sonora da minha adolescência!”, destaca o tecladista.

Marcão Britto: ‘uma das primeiras bandas que ouvi foi a Blitz’

O cantor, compositor, produtor e guitarrista e um dos fundadores do Charlie Brown Jr., Marcão Britto, que também canta na banda Bula, desde 2014, comentou, com o Versos e Prosas, sobre as influências que o movimento que completa 40 anos neste 2022 tiveram e ainda têm em sua carreira:

“Eu lembro que, nessa época, uma das primeiras bandas que eu ouvi tocando, no rádio, foi a Blitz. Acho que ela teve um papel muito importante nessa cena do rock, foi a primeira banda que estourou e que, você ligava o rádio, estava tocando, ligava a TV, eles estavam na TV. Eu acho que a Blitz trouxe esse frescor de renovação para a cena do rock nacional, para a música nacional, de modo geral. E, a partir daí, surgiram vários grupos, que me influenciaram bastante também, como a Legião Urbana, eu lembro que a Legião, talvez tenha sido a primeira banda que me fez acreditar que a gente poderia fazer uma banda de rock, que cantava em português, uma mensagem muito bacana!”.

Depois, ele cita bandas, como Ultraje a Rigor, Plebe Rude, Ira!, dentre outras. Ele ainda fez questão de destacar bandas de sua cidade-natal, Santos (SP).

Ivo Pessoa: ‘o rock brasileiro é sensacional e essencial’

O cantor e compositor paranaense Ivo Pessoa, conhecido pela música Uma Vez Mais (Voa minha ave, Voa sem parar), também destacou a importância do movimento do Rock Brasil Anos 80 em sua carreira:

“O rock brasileiro é uma coisa sensacional e essencial, principalmente para mim, porque, se não fosse o rock brasileiro, eu não teria entrado na música, não teria feito o que eu gosto de fazer. Fui muito influenciado por todas as bandas do rock nacional, até porque eu era adolescente, eu vivi minha adolescência na década de 1980. A década de 80 foi ótima, eu estava ali na minha adolescência, a efervescência do rock, do New Wave, primeiro Rock in Rio, e tudo isso foi muito legal! Então, eu sou um entusiasta do rock nacional!”.

Ivo Pessoa ainda cita o nome de um show que realiza, chamado 80 Por Horas, em que canta os clássicos do rock nacional.

Eduardo Schuler: ‘me influenciou muito, ainda me influencia’

O baterista Eduardo Schuler, da banda Colomy, e que também integra a banda de Nando Reis, comentou sobre a importância da geração dos Anos 80 para a sua vida e carreira:

“Essa geração do rock dos anos 80 no Brasil me influenciou muito, ainda me influencia, tanto na questão musical, como no cenário político, em que eles estavam envolvidos também. Vale a pena falar que grande parte dessas bandas começou a fazer sucesso logo após a ditadura, e algumas delas, como é o caso da Blitz, antes, ali em 82, 83. E isso estava implícito nas letras, porque era um cenário político delicado e rolava a censura”, contextualiza.

Tuia: ‘sou filho disso, sou fruto disso’

O cantor e compositor paulista Tuia, ligado ao chamado rock rural, também falou das influências do movimento vanguardista dos anos 80, para a sua carreira:

“Eu sou filho disso, sou fruto disso, musicalmente, e até de vida mesmo, porque eu cresci nos anos 80, e peguei, desde o começo, esse movimento. Nessa época, a MPB e o rock n roll é que fazia a cabeça da gente! E o que era mais interessante é que pintava uma moçada nova, que tinha essa influência do rock no Brasil, chegando de maneira popular e, ao mesmo tempo, com a influência de músicas brasileiras, principalmente da MPB dos anos 70. Eu acho que essa mistura fez com que, no começo, pintasse a Blitz, que foi um baita sucesso!”, afirma.

Visso Lana: ‘a gente tem a irreverência das bandas dos anos 80’

O cantor, compositor, guitarrista e vocalista da banda mineira de ska rock Senhor Kalota, Visso Lana é um super defensor da música nacional e fala das referências, para ele, e para a sua banda:

“A banda Senhor Kalota é uma banda autoral, que herdou o puro rock brasileiro e o que a gente carrega sempre, e fala que a gente tem poros, é uma banda realmente, de verdade, brasileira! A gente tem a irreverência dos artistas e das bandas do rock dos anos 80, e a gente transpira isso, temos poros de verdade! O estilo que a gente faz foi implantado no Brasil, fortemente, nos anos 80, que é o ska. Paralamas é uma das nossas grandes influências!”, diz.

Péricles Garcia: ‘o Rock Brasil Anos 80 é fundamental’

O cantor e compositor mineiro Péricles Garcia também destaca a importância da geração dos anos 80, para a música brasileira e para a sua carreira:

“O Rock Brasil Anos 80 é fundamental, na minha história, de vida, como artista, como compositor! Eu nasci em 1976, então, anos 80, para mim, foi aquela transição, da infância para a adolescência. Então, desde a infância que eu tenho o costume de ouvir Balão Mágico, Arca de Noé, outros mais. Paralelamente a isso, eu comecei a ouvir esse rock, que estava nascendo ali, nos anos 80. Então, eu tinha muitos discos dos Paralamas, Titãs, Legião Urbana. Legião, especificamente, foi uma banda que me influenciou muito!”, destaca o artista, se referindo a uma das maiores bandas de rock do Brasil.

Ricardo Vignini: ‘fui altamente influenciado por essa geração’

O cantor e compositor paulistano Ricardo Vignini, que ao lado de seu parceiro Zé Helder criou, em 2007, o projeto Moda de Rock, unindo a viola caipira, ao som de um bom rock, também falou das influências do Rock Brasil Anos 80, mas destacou um outro viés:

“Anos 80! Foi a época que eu comecei a tocar. Então, naturalmente, eu fui bastante influenciado por essa geração de bandas, que apareceu nos anos 80. Nos meus anos, 80, eu estava mais envolvido com metal, com punk. Então, no disco que a gente fez, o Moda de Rock Brasil, a gente gravou Ira!, que é uma banda que ainda dialogava com isso; gravamos Harppia, que era uma banda de metal aqui de São Paulo, eu vivi muito essa cena; gravamos Dorsal Atlântica, que era uma banda de metal do Rio de Janeiro. Então, eu fui altamente influenciado por essa geração de bandas, que não necessariamente foram essas bandas que fizeram sucesso, que apareceram na grande mídia!”, frisou Ricardo Vignini.

Wills Tevs: ‘misturando rock com outros estilos’

O cantor e compositor Wills Tevs mostrou dois LPs, da Legião e dos Paralamas do Sucesso, e comentou:

“LP As Quatro Estações, particularmente me influencia muito pelo lirismo, do Renato Russo,; e um LP dos Paralamas do Sucesso, Selvagem. Paralamas, uma banda que extrapola gêneros, né? Desde sempre, misturando rock com outros estilos, o que eu também gosto de fazer no meu som!”.

Para conferir, na íntegra, os depoimentos de nomes que foram influenciados pelo Rock Brasil Anos 80, acesse, agora mesmo, o canal do YouTube do Versos e Prosas.

Marcos Aurélio

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