Lô Borges fala com carinho de Milton Nascimento e Márcio Borges, parceiros além da música

Lô Borges fala com carinho de Milton Nascimento e Márcio Borges, parceiros além da música

Ao comentar sobre vários assuntos, com o Versos e Prosas, o cantor mineiro aproveitou para falar sobre sua relação de composição e de amizade, muito além da arte, com os irmãos de sangue e de coração

Cantor e compositor mineiro não viu com tristeza o show derradeiro de Milton Nascimento. Acompanhe, com o Versos e Prosas

O cantor e compositor Lô Borges falou sobre vários assuntos, em entrevista exclusiva concedida ao Versos e Prosas.

Além de falar do seu mais recente lançamento, o álbum Não Me Espere na Estação, o artista mineiro nos contou sobre seu processo de composição, que não leva mais do que 30 a 40 minutos para fazer uma música, falou do critério para a escolha de seus parceiros, além de dar spoiler sobre um filme que trata dos seus 50 anos na música que vem aí, de mais um álbum que já está em fase de finalização (esse composto na viola caipira), além da ideia de realizar uma turnê, pelo Brasil, com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, similar ao show ocorrido no fim de dezembro passado, na Sala Minas Gerais, em Belo Horizonte.

Falando em parcerias, Lô Borges, que possui várias ao longo dos mais de 50 anos de carreira, fez questão de destacar duas, em especial: a com seu irmão e um dos maiores letristas do país, Márcio Borges, e a com Milton Nascimento, companheiro do clássico álbum Clube da Esquina (1972), com quem assina o disco, além de tantas e tantas composições clássicas. Confira.

‘Desde o início da minha composição, estava o Márcio Borges por perto’

A parceria entre Lô e Márcio Borges, os irmãos da consagrada família, já vem de longa data. Clássicos como Um Girassol da Cor do Seu Cabelo, Tudo O Que Você Podia Ser, Trem de Doido e Estrelas, dentre tantas outras faixas, só reforçam, ainda mais, o laço de parceria que ambos têm e que vão muito além da música.

Além destes clássicos, outros, como Clube da Esquina II (com a participação de outro parceiro histórico, Milton Nascimento) e Para Lennon e McCartney (com Fernando Brant), só reforçam a mais do que consolidada parceria.

Lô Borges comenta sobre a parceria com o irmão e letrista:

“O Marcinho é um cara, desde que eu era criança, a gente é filho do mesmo pai, da mesma mãe, convivemos juntos a nossa infância, a nossa adolescência, ele é seis anos mais velho do que eu, mas, desde o início da minha composição, estava o Márcio Borges por perto. Ele sempre foi um letrista brilhante e bem próximo ao que eu estava compondo e eu entregava para ele fazer as letras. Então, nossa parceria se dá de uma forma muito natural, ao longo desses anos todos”, destaca Lô.

A parceria química entre Lô e Márcio Borges

Lô Borges e Márcio Borges, consanguíneos e parceiros
Foto: Facebook Lô Borges

Vale lembrar que a última parceria entre eles se deu em 2021, com o lançamento do álbum Muito Além do Fim, produzido à distância, devido à imposição causada pela pandemia da Covid-19.

Lô compunha as melodias, de Belo Horizonte (MG), onde mora, e Marcinho fazia as letras, diretamente de seu sítio, em Visconde de Mauá (RJ). Confira outras notícias conosco.

Lô Borges comenta sobre esta ligação entre eles, visto que, segundo o próprio artista, não precisava mexer em uma letra, enviada por Márcio:

“É químico, orgânico. Na verdade, não é só com ele que eu componho assim não. É tudo na tecnologia, que facilita as coisas. Você manda o e-mail, o MP3 por WhatsApp, e as pessoas te mandam a letra por e-mail, por WhatsApp. Então, não precisa muito dessa presença física não. Quando eu fiz o Muito Além do Fim, em 2021, com o Márcio Borges, eu já estava muito tempo se encontrar com ele e não me encontrei com ele nenhuma vez, durante a feitura do disco. Então, essa sintonia eu procuro criar não só com o Márcio Borges, mas com todos os parceiros”, diz.

Lô ainda nos conta sobre a homenagem que fez ao irmão, durante a gravação do DVD feita junto à Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, no fim do ano passado:

“Eu fiz um concerto, com a Filarmônica de Minas Gerais, 21 e 22 de dezembro de 2022, um concerto histórico, eu nunca havia trabalhado com 70 músicos e ficou uma coisa maravilhosa. E aí, eu fiz uma homenagem a ele, porque eu falei: ‘Gente, 70% das canções que eu estou tocando aqui hoje, são letras do meu irmão, Márcio Borges’. Aí, pedi palmas para ele, o público aplaudiu, efusivamente! Ele é meu parceiro, assim, eu adoro todos os meus parceiros, mas o Márcio, além de ele ser meu irmão, ele é majoritário, é o cara que sempre esteve mais próximo de mim, até por consanguinidade. O fato de ele ser irmão facilita bastante a gente ser assíduo em nossa parceria!”, destaca Lô Borges.

‘A gente é irmão, desde 1962’ – Lô Borges sobre Milton Nascimento

A parceria entre Lô Borges e Milton Nascimento se iniciou muito antes do clássico álbum Clube da Esquina, de 1972, considerado um dos melhores (se não o melhor) da música brasileira. Lô e Milton assinam a obra, que conta com nomes de peso, como Beto Guedes, Ronaldo Bastos, Márcio Borges, Nelson Angelo, Fernando Brant, dentre tantos outros.

Lô comenta, sobre sua relação e a de toda a sua família com Bituca: “A gente é irmão, desde 1962, quando a gente se conheceu, e o Milton conheceu a minha família também, eu tinha dez anos, ele tinha 20, na minha casa, ele era considerado filho, por meus pais, e considerado irmão, por todos os nossos irmãos. E detalhe: ele não era famoso, não era nem compositor ainda! A gente gostava dele, como sempre gostamos!”, ressalta o artista.

A Última Sessão de Música e as impressões de Lô Borges

Ao comentar sobre A Última Sessão de Música, turnê de despedida de Milton Nascimento dos palcos, Lô Borges, convidado que foi para cantar ao lado de Bituca no Mineirão, no show derradeiro da carreira, destacou:

“Foi uma emoção maravilhosa! Foi uma coisa maravilhosa, porque Milton Nascimento foi o cara que me levou para o disco, quando eu tinha 17 anos de idade. Foi o primeiro cara que gravou uma canção minha, Para Lennon e McCartney, que é a música que eu fiz com 17 anos de idade, com letra de Márcio Borges e Fernando Brant, e ele gravou naquele álbum que antecede o Clube da Esquina: o álbum ‘Milton’, de 1970. E, ao longo dessa trajetória, a gente já se encontrou para milhares de projetos, 500 mil coisas, a gente é irmão, é parceiro, ele é meu mestre, é meu amigo! Ele sempre me convida para tocar com ele, independente se é a última sessão de música, se é a penúltima sessão de música, ele sempre me convida para tocar com ele, e eu o convido para tocar comigo”, diz.

Para encerrar, Lô Borges fala se viu com tristeza a despedida de Milton dos palcos:

“O cara está querendo dar uma descansada de palco, perfeito, legítimo! O cara tem que descansar de palco mesmo, de vez em quando, porque eu não vejo de uma forma triste, A Última Sessão de Música, parece que o cara não quer saber mais de música. Tem as entrevistas dele que ele fala: ‘Eu estou parando com os shows, estou parando com o palco, mas eu não estou parando com a música, composição, com o canto’. Então, eu não fiquei nostálgico com esse show não, eu fiquei alegre, como eu fico em todos os shows que ele me convida para cantar com ele!”, finaliza Lô Borges.

Marcos Aurélio

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