Sony Music lança nove álbuns de Simone nas plataformas de streaming
Nove álbuns da discografia de Simone na Sony Music, ainda inéditos em streaming, já está disponível, em todas as plataformas digitais, desde sexta-feira (10). Este é um verdadeiro presente para a cantora e seus fãs, no mês de aniversário da cantora.
Lançados entre 1981 e 1998, os discos representam uma fase fundamental da carreira de Simone, que na década de 1980 consolidou sua posição como uma das cantoras mais populares do país.
“Foi um período maravilhoso da música brasileira e da minha carreira, de muita criatividade”, lembra Simone. “Conheci produtores incríveis, gravei com artistas como Milton Nascimento, Paulinho da Viola, Gal Costa, Tom Jobim, Martinho da Vila… Foi uma fase linda”, relembra a artista.
A leva que chega agora pela primeira vez às plataformas de streaming inclui sete discos de carreira da cantora: “Amar” (1981); “Desejos” (1984); “Vício” (1987); “Simone” (1989); “Raio de Luz” (1991); “Sou Eu” (1993); e “Simone Bittencourt de Oliveira” (1995). Os outros dois são as compilações: “Alegria (Grandes Sambas na Voz de Simone)” (1996) e “Brilhantes” (1998).
Nesses nove álbuns, há gravações que ficaram marcadas na voz de Simone, como “Iolanda” (versão de Chico Buarque para canção de Pablo Milanés), “Uma Nova Mulher” (sucesso enorme como tema da personagem de Yoná Magalhães na novela “Tieta”) e “Será” (releitura personalíssima para o hit do Legião Urbana).
A chegada dos discos de Simone às plataformas de streaming faz parte do projeto de digitalização de catálogo da Sony Music. O objetivo do projeto é disponibilizar álbuns de seus artistas que por algum motivo ainda não estavam acessíveis digitalmente.
Os álbuns de Simone liberados para o digital
“Amar” é o disco que marca a chegada de Simone à Sony Music — uma senhora chegada. Produzido por Marco Mazzolla, o disco tem repertório assinado por compositores como Sueli Costa, Moraes Moreira, Milton Nascimento, Chico Buarque e, pela primeira vez na carreira de Simone, Tom Jobim. “Espelho das Águas” foi dada pelo maestro como um presente à cantora e lançada por ela nesse álbum.
“Fui até a casa de Tom e ele me deu uma fita cassete. Saí de lá correndo com medo que ele desistisse”, conta Simone, rindo, antes de listar outras memórias da gravação. “Foi a primeira vez que trabalhei com César Camargo Mariano, eu estava muito nervosa, porque adorava ele e era louca pela Elis. Lembro de Toquinho e Gal chegando ao estúdio para gravar ´Bárbara´. Da mesma forma, vejo Bituca (apelido de Milton Nascimento) e Wagner Tiso gravando ´Encontros e Despedidas´, conversando sobre a forma que faríamos a canção”.
Lançado em 1984, “Desejos” traz a participação especial de Chico Buarque, que faz um dueto com Simone em “Iolanda”. Neguinho da Beija-Flor também divide vocais com a cantora, no samba “Por Um Dia de Graça”, de Luiz Carlos da Vila: “Gravamos no pátio da gravadora, com uma bateria de escola de samba, estouramos os microfones todos!”.
O álbum tem a marca do romantismo no início — com “Um Desejo Só Não Basta” (Francisco Casaverde e Fausto Nilo) — e no encerramento — “Eu Preciso de Você” (Roberto Carlos / Erasmo Carlos). Pura Simone:
“A espinha dorsal do meu trabalho sempre foi o amor”, sintetiza a cantora baiana.
Milton Nascimento e Tom Jobim cantaram com Simone
Com as participações de Tom Jobim, Oscar Castro Neves e Milton Nascimento, “Vício”, de 1987, reúne canções que Simone adorava e que tinha desejo de gravar. O repertório vai de “Você é Linda” (Caetano Veloso) a “Cais” (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos), de “Pétala” (Djavan) a “Simples Carinho” (Abel Silva). A grande novidade era a aproximação de Simone com a produção do então nascente rock nacional: ela pinçou “Me Chama” (Lobão) para o disco.
“Sou muito fã da Marina Lima, e adorava a gravação dela, assim como a de Lobão. Escolhi gravá-la porque é uma canção linda, é assim que faço. Sou eclética”, afirma a cantora.
Em 1989, a cantora lançou “Simone”, no qual expõe seu ecletismo de maneira ainda mais definida. Tom Jobim está com ela novamente, em “Lígia” e “Luiza” (ambas dele), num disco que inclui a ainda popularíssima “Uma Nova Mulher” (com os sintetizadores característicos do período) e o samba-enredo “Louvor a Chico Mendes”.
“As pessoas muitas vezes não conseguiam entender na época o pulo que eu dava de Tom Jobim para ´Louvor a Chico Mendes´. Só que eu adoro isso”, diz a cantora. “Não tenho preconceito. Gosto do popular, da lança no peito. Tem compositores que falam ´eu te amo´ direto, outros dizem depois de passar por todo um caminho lindo. Mas é tudo amor, todas as formas de amor que eu canto”.
Álbum Raio de Luz possui um repertório único
Simone costurou o repertório de “Raio de Luz”, de 1991, de maneira muito orgânica. A partir da canção “Raios de Luz”, de Cristovão Bastos e Abel Silva, ela foi desenhando um repertório, que incluiu “Será”, do Legião Urbana, e “Conto de Areia”, sucesso na voz de Clara Nunes — a quem Simone presta reverência na faixa. Julio Iglesias é o convidado no bolero “Brigas”, de Evaldo Gouveia e Jair Amorim. A cantora grava no disco mais uma composição de Pablo Milanés, “Todos os Olhos te Olham (Todos Los Ojos te Miran)”, apresentada a ela pelo próprio compositor num encontro em Buenos Aires — Chico Buarque escreveu a versão em português.
“´Meu Ninho` (de Wagner Tiso e Ronaldo Bastos) eu conheci no disco de Beto Guedes. ´Têmpera´, do Gonzaguinha, foi Marília Pêra quem me mostrou. Gravei-a porque queria homenagear o feminino, o sexo forte”, sorri Simone. “E encerro o disco com ´As Pessoas´, de Fátima Guedes, como um acalanto, um agradecimento. Não tinha como ter outra música depois. Sempre penso com carinho a ordem das canções em meus discos, considero fundamental, faz parte do pensamento do álbum. E isso aparece nitidamente na minha fase Sony. Por exemplo, em ´Corpo e Alma´ (álbum de 1982, disponível nas plataformas) abro o lado A com a canção ´Corpo´ e o lado B com ´Alma´”. Confira outras notícias conosco.
“Sou Eu”, de 1993, é descrito por Simone como um álbum fruto de um “coração partido”. Em sua origem, está o show homônimo, dirigido por Ney Matogrosso, no qual a cantora visita esse repertório. Posteriormente, ela gravou em estúdio aquele repertório, de canções como “Amor de Índio” (Beto Guedes/ Ronaldo Bastos), “Quase um Segundo” (Herbert Vianna) e “Ela e Eu” (Caetano Veloso):
“As canções foram escolhidas para meu coração que estava ferido. Os meus discos são assim, refletem o que estou passando”, revela a artista.
Os últimos álbuns liberados para os players
“Simone Bittencourt de Oliveira”, de 1995, é o último álbum de carreira da cantora na gravadora. Martinho da Vila canta com ela o medley “Danadinho Danado / Disritmia”. Entre as canções escolhidas, novamente Simone reafirma sem amplo interesse, indo de “Leão Ferido” (parceria de Biafra com Dalto) a “O Que é Amar”, de Johnny Alf.
“E fecho o álbum com ´Prelúdio´, de Raul Seixas, uma linda forma de encerrar: ´Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só´”, diz a cantora.
“Alegria (Grandes Sambas na Voz de Simone)”, de 1996, entrega o que seu título promete, deixando ainda mais evidente a familiaridade da cantora com a batucada. Já “Brilhantes”, de 1998, mira numa panorâmica variada de seus anos na Sony Music. Anos de amor como espinha dorsal, anos de lança no peito.
Para ouvir os grandes sucessos de Simone, liberados pela gravadora Sony Music para o digital, basta acessar sua plataforma de streaming e se deliciar com as belíssimas (e únicas) interpretações de Simone.