História da música Drão de Gilberto Gil
Uma das composições mais pessoais de Gilberto Gil, Drão traz uma mensagem do cantor à Ex-esposa Sandra Gadelha, transmitindo o sentimento de respeito em relação a um amor que se acabou e não volta mais.
Quer saber tudo sobre a história dessa música que tocou o coração de tantas pessoas?
Então acompanhe o conteúdo que preparamos para você, e conheça os bastidores da criação e composição de um dos maiores sucessos de Gilberto Gil.
Acompanhe.
História da Música Drão, de Gilberto Gil
Drão foi Composta por Gilberto Gil em 1981 e lançada apenas em 82, fazendo parte do álbum Um Banda Um, e é uma das canções mais pessoais da carreira do cantor.
Conhecida por muitos como a melhor música de Gil, a canção foi criada durante o período de separação entre ele e a ex-esposa Sandra Gadelha, com quem conviveu por 13 anos e teve 3 filhos.
Apelidada de Drão por Maria Bethânia, e irmã de Dedé Gadelha, esposa de Caetano Veloso à época, Sandra foi a figura central da canção, e é para ela que Gil se dirige nos versos singelos e carinhosos da música.
Falando com serenidade sobre o processo duro do fim de um amor, a canção logo ganhou fama, não pelo barulho que fez ou por ser um típico Hit, mas pelos versos sinceros que destoam do tom amargo geralmente encontrado em um momento de separação.
O respeito vindo de um amor que acabou
Mesmo sendo fruto do fim de um relacionamento, a canção trouxe uma linda mensagem de respeito, mostrando toda a complexidade de sentimentos do compositor e retratando uma visão madura sobre o divórcio.
Ao longo dos versos, Gil se dirige a Sandra com carinho, lembrando que às vezes o amor precisa morrer para germinar em outro lugar, e a consolando pela tristeza que ambos estavam sentindo naquele momento.
Quando perguntada sobre a canção, Sandra conta que a recebeu com carinho, mesmo nos primeiros dias da separação, quando Gil a tocou para ela pessoalmente, e ao longo dos anos a música a marcaria profundamente.
Com um tom de recepção e maturidade, Drão de Gilberto Gil também tocou o coração de quem se deixou encantar por ela, e não à toa se tornou uma das músicas mais bem querida do cantor, além de, certamente, a mais tocante.
Tão tocante ela se tornou, que também foi eternizada na voz de 3 grandes nomes da música brasileira.
Três versões marcantes de Drão
Apesar de ter caído no gosto do público e ter sido regravada por vários artistas desde seu lançamento, 3 cantores acabaram fazendo sua própria versão da música e dando um toque pessoal a melodia, dois deles em parceria com o próprio Gil.
Confira quem são eles:
- Caetano Veloso – Tendo sido amigo de Gilberto Gil por anos, e acompanhado o florescer e o fim do amor entre ele e Sandra, Caetano lançou uma linda versão de Drão cantada junto a Gil no álbum Dois Amigos, Um século de Música.
- Djavan – O gigante Alagoano e ícone da MPB também registrou sua versão da canção, cantada em ritmo romântico e lançada em 2006.
- Ivete Sangalo – A cantora baiana e amiga de Gil participou de uma apresentação de Drão junto ao próprio e a Caetano em uma gravação ao vivo em 2012, e também já deu voz a canção em seus próprios shows.
Comentários de Gil sobre a música
Como não poderia deixar de ser, o próprio cantor já comentou sobre as inspirações e sentimentos que o levaram a criação de Drão, que com certeza lhe exigiu dedicação em um nível extremamente pessoal.
Em depoimento sobre a composição, Gil conta que teve muita dificuldade para dar vida a essa música, porque ela tratava de um assunto denso, a derrocada de um amor romântico e o florescimento de uma compaixão respeitosa, além do final de um casamento de mais de uma década. Confira outras histórias das músicas conosco.
O cantor expõe na letra alguns momentos íntimos do casal, como a referência à cama de tatame em que eles dormiam, o trecho em que fala dos filhos, Pedro, Preta e Maria, e até mesmo o momento em que admite certa culpa, afirmando que Deus sabe da confissão dos seus pecados.
Por conta de tudo isso, não é de admirar que a letra tenha tocado tantas pessoas, vinda de uma confissão sincera e transmitindo tantos sentimentos pessoais de seu criador.
Análise da letra de Drão
Gil abre a música comparando o amor dos dois a um grão, ou uma semente que cai de um fruto para germinar em outro lugar, o que anuncia a consciência do cantor em saber que aquela relação já teve seu fim.
Já no refrão, o cantor relembra a longa caminhada do casal, que fez o amor dos dois germinar.
Confira abaixo as duas estrofes:
Drão, o amor da gente é como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar, plantar n’algum lugar
Ressuscitar no chão nossa semeadura
Quem poderá fazer aquele amor morrer
Nossa caminhadura?
Dura caminhada
Pela estrada escura
Na terceira e na quinta estrofes, Gil traz um sentimento de conforto, ao dizer que Sandra não deve pensar na separação nem despedaçar seu coração por isso, e ao passo em que evoca a imagem dos filhos, também admite suas falhas perante Deus.
Terceira estrofe:
Drão, não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão
Estende-se infinito, imenso monolito, nossa arquitetura
Quinta estrofe:
Drão, os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão, não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão
Sobre a carreira de Gilberto Gil
Gilberto Gil é um dos maiores cantores e compositores da história da música brasileira, tendo lançado mais de 30 álbuns de estúdio em 50 anos de carreira e conquistado prêmios como o Grammy Awards, Grammy Latino e a Ordem nacional do mérito do Governo Francês.
Com influências do rock, ritmos brasileiros, funk, disco e reggae, Gil foi um dos vanguardistas do movimento musical conhecido como Tropicália, junto a artistas como Caetano Veloso, e sua influência como artista vai além do contexto musical, tendo ganho em 2021 uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, reconhecimento pela grandeza da sua obra.
Relembre uma das canções mais pessoais do cantor, clicando no player abaixo e escutando toda a melodia sentimental de Drão.