MPB: o que mudou entre as chamadas velha e nova Música Popular Brasileira?

A MPB (Música Popular Brasileira) surgiu em meados da década de 1960, sendo considerada filha da bossa nova e fortemente influenciada pelo folclore brasileiro.

O gênero envolve alguns dos músicos mais geniais que passaram pela nossa história e, sem qualquer sombra de dúvidas, revolucionou a cultura do Brasil.
Dentre os nomes desta geração, destacam-se: Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, João Gilberto, dentre tantos outros.

Atualmente, outra geração de artistas leva o nome da chamada nova MPB: de Tiago Iorc a Maria Gadú, a música popular brasileira segue tendo nomes importantes e fazendo barulho em festivais afora (quando ainda se era possível realizá-los). De qualquer sorte, as plataformas digitais estão aí, firmes e fortes, e estes artistas também têm grande destaque neste tipo de mídia.

Enfim, será que ainda é aquela MPB de antes? O que será que essa galera nova trouxe de diferente para o gênero? Afinal de contas, o que é a nova MPB? Continue com a gente! O Versos e Prosas te responde a estas e outras perguntas sobre o assunto! Vamos nessa?

E o que seria a chamada nova MPB?

A Representação da MPB
Foto: Google

É óbvio que a MPB de hoje, a chamada nova MPB, está diferente: a sociedade brasileira mudou muito, seus gostos e expressões artísticas também. O nome nova MPB é bastante contestado e polêmico, porque coloca artistas novos em um lugar de comparação com os grandes nomes da chamada velha MPB, que já conquistaram um lugar especial na Música Popular Brasileira.

A ideia de novo e velho faz parecer até que uma geração entrou no lugar de outra, o que, definitivamente, não é verdade. Afinal, como chamar Caetano Veloso de velha MPB, se ele segue em plena atividade, colaborando com inúmeros artistas jovens?

O Versos e Prosas cita apenas um exemplo. Assista aqui, em vídeo gravado em 20 de novembro de 2017, o dueto de Emicida com Caetano, na música Baiana.

A MPB e a mistura de gêneros

Assim como muito do que se fala no universo musical, talvez o problema seja simplesmente a categorização. O termo Música Popular Brasileira tem lá suas questões, para início de conversa, não é verdade?

A nomenclatura de gêneros sempre causou polêmica de diversos tipos: colocar formas de arte em caixinhas rende muitas problemáticas. Afinal, o que é popular? O que faz de um artista parte da MPB?

Ao contrário de alguns outros gêneros, a MPB não tem características definidas. Não é como o rock, que a gente já pensa na guitarra; não é como o samba, que a gente logo pensa no violão e no cavaquinho.

O nome MPB, de fato, não diz tanto respeito à sonoridade do estilo: MPB é a música cheia de brasilidades que orbita entre o pop e vários outros estilos.

Além do mais, é uma tendência nossa colocar um artista inteiro em uma caixinha quando, raramente, ele é uma coisa só. É justamente essa transição entre os estilos, a versatilidade e a vontade de trazer novos sons que nos faz ser fãs de determinadas pessoas, não é isso mesmo?

É por essas e outras que temos que tomar muito cuidado com o nome que damos pras coisas.

Sendo assim, já que a história de nova MPB pegou, a gente se vale do nome, mas é importante lembrar que não queremos, jamais, comparar uma geração com outra. Vale Lembrar que há fatores sociais, políticos e econômicos que diferenciam (e muito) os dois movimentos.

MPB: as diferenças entre o velho e o novo

Para que a gente possa falar das MPBs, é fundamental que se leve em consideração algumas diferenças entre as gerações.

Por exemplo, o contexto político da década de 1970 foi vital pra que a Música Popular Brasileira fosse o que foi: se muitas canções de Chico Buarque de Holanda têm letras complexas e cheias de duplos sentidos, vale lembrar que esses artistas não tinham tanta opção assim para se expressar em tempos de censura, provocada pela Ditadura Militar, vigente na época.

Muitas das nossas referências da velha MPB vêm de momentos tensos, em que a música servia como um protesto aflito contra o que acontecia no Brasil.

Além disso, o cenário musical mudou como um todo: é impossível ignorar a ascensão de gêneros como o funk, o rap e o sertanejo universitário, por exemplo.

Na mesma medida, o rock era um dos maiores expoentes mundiais na época em que a velha MPB surgiu, além da própria bossa nova, que deu raízes ao movimento.

Esse cenário sempre influencia os artistas, que “bebem da fonte” de toda a expressão musical existente em sua volta. A MPB sempre foi um gênero híbrido, com toques de várias outras artes brasileiras — e é por isso que a gente adora, não é mesmo?

A chamada velha MPB

Essa é a parte que todo mundo sabe e conhece, certo? Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Elis Regina, Jorge Bem Jor, Gal Costa, Tim Maia e tantos e tantos outros artistas.
O gênero surgiu a partir da bossa e de outros elementos do folclore brasileiro, mas, aos poucos, foi se diversificando com influências de todo canto.

Rock, samba, soul, reggae e diversos outros gêneros fizeram parte da trajetória da MPB. E claro, a história da Música Popular Brasileira foi marcada também por movimentos significativos muito importantes, como o da Tropicália, por exemplo.

A MPB e as polêmicas que a cercam

Como todo grande gênero, sempre existiram discussões de quem merecia o título de MPB ou não.

A mídia sempre insistiu em determinados padrões estéticos e teve preconceito com alguns estilos e formatos (letra de música não precisa ser um poema parnasiano, né?).

Um exemplo eram os artistas voltados ao brega, como Odair José, Sidney Magal, dentre outros. A própria Jovem Guarda também é polêmica a esse respeito: afinal, pertence ou não à MPB?
Independente do que é considerado, oficialmente, MPB, a verdade é que, indiscutivelmente, a cultura brasileira foi revolucionada pelo gênero!

A nova MPB

Hoje em dia, não existe um Tropicalismo nem um movimento tão aparente na MPB, mas há vários paralelos que a gente pode observar para conhecer a galera nova, de forma geral.
Dos principais nomes da chamada nova MPB da atualidade, notamos algumas fortes influências e relações entre eles. Como já falamos por aqui no Versos e Prosas anteriormente, a hibridez da MPB permanece firme e forte!

E dá para perceber, de maneira bastante clara, como os gêneros andam se misturando: com Duda Beat, a MPB leva uma pegada mais brega e carrega um olhar pernambucano; já a dupla Anavitória tem um quê de rural, meio folk, que flerta com o sertanejo raiz. A força do rap nacional também não passa batida: Criolo e Emicida, por exemplo, mantêm os pés no rap, mas brincam de fazer samba e MPB com frequência.

Acompanhe aqui o single A Gente Junto, de Anavitória, o que simboliza bem o que é a nossa boa e velha (ou nova) MPB!
Tem outros pequenos traços marcantes entre alguns artistas: por exemplo, o jeito de cantar à la Mallu Magalhães.

Curiosamente, dá pra traçar uma linha histórica até lá na bossa nova, quando João Gilberto e seus colegas começaram a cantar baixinho, quebrando o padrão de canto da época.
Esse jeitinho de cantar-falado virou estilo e rendeu uma sonoridade meiga, que acompanha vários dos nomes da nova MPB.

A própria Mallu, em seu projeto solo e também na Banda do Mar, com Marcelo Camelo, é expoente desse estilo, que conta com Cícero, Clarice Falcão, Phill Veras, dentre outros.

Nem a música de protesto, muito forte na velha MPB, sumiu completamente: na verdade, ela segue bem atual e presente, já que sempre há alguma causa para se defender, não é verdade?

Hoje em dia, uma fração significativa da MPB fala abertamente de questões sociais e se posiciona claramente. Nomes como Liniker, Johnny Hooker e Jaloo fincam o pé em letras fortes e músicas incríveis pra não deixar a MPB sem sua pegada de protesto!

Confira neste link um exemplo, com as participações de Johnny Hooker e Liniker, no single Flutua.

MPB: qual será o seu futuro?

A gente pode encarar a MPB como um estilo musical quase imortal: justamente por ser tão híbrida e mutável, ela pode ser o que a gente quiser.

Afinal, uma das maiores tendências na música brasileira hoje é simples: a parceria!

Em uma época em que os artistas não parecem ter medo de atravessar gêneros e colaborar com outros músicos, é muito provável que a MPB continue se reinventando e pegando um pouquinho de cada estilo. O funk é brega, o sertanejo é pop e a MPB é tudo isso e um pouco mais!

Com a benção dos grandes, muitos dos novos artistas estão trazendo novas sonoridades super brasileiras, com estéticas bem autênticas!

Em suma: a MPB é toda nossa, brasileiríssima. Assim, é muito mais legal valorizar o que a MPB vem trazendo de bom e de novo do que ficar preso só nos ícones do passado!

Sendo assim, se você quer continuar acompanhando tudo sobre a velha, a nova, enfim, a nossa MPB, então siga por aqui, ligadinho no Versos e Prosas, que você não vai perder nada com o que rola com o nosso estilo musical favorito! Salve a MPB!

Marcos Aurélio

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *