Kleiton Ramil dá lição de vida com o apoio da música

Dando prosseguimento às matérias especiais de fim de ano do Versos e Prosas e trazendo muitas curiosidades para você, nosso leitor, tivemos um bate-papo bastante descontraído com Kleiton Ramil, que forma dupla com seu irmão, Kledir Ramil. Ele nos contou sobre o que gosta de ouvir fora do trabalho, quando está com os amigos ou com familiares, por exemplo.

Kleiton e Kledir, a dupla gaúcha que decidiu se diferenciar do sertanejo, já tem mais de 40 anos de estrada. Formada pelos irmãos Kleiton Alves Ramil (Pelotas, 23 de agosto de 1951) e Kledir Alves Ramil (Pelotas, 21 de janeiro de 1953), a dupla decidiu se enveredar pela Música Popular Brasileira. Ambos são irmãos do também músico Vítor Ramil e primos do também músico Pery Souza.

Kleiton e Kledir Ramil começaram a estudar música muito cedo e na década de 1970 lançaram, com mais três amigos, a banda Almôndegas. Foram quatro discos, uma infinidade de shows e a mudança para o Rio de Janeiro. Quando o grupo se dissolveu, os irmãos decidiram prosseguir a carreira em dupla.

Em 1980, sai o primeiro disco da dupla. O sucesso foi imediato e os shows atraíam muita gente por todo o Brasil. A dupla lançou cinco discos (mais um em espanhol) o que lhes rendeu disco de ouro e shows nos Estados Unidos, Europa e América Latina. Os irmãos ainda gravaram em Los Angeles, Nova Iorque, Lisboa, Paris, Miami e Buenos Aires.

Suas composições foram gravadas por Simone, Nara Leão, MPB4, Caetano Veloso, Xuxa, Fafá de Belém, Nenhum de Nós, Zizi Possi, Ivan Lins, Chitãozinho e Xororó, Zezé di Camargo e Luciano, Leonardo, Belchior, Emilio Santiago, Cláudia Leitte e muitos outros. Confira outras matérias especiais conosco.

Também pelo mundo afora, suas músicas ganharam versões de grandes artistas, como os argentinos Mercedes Sosa e Fito Páez, a cantora portuguesa Eugénia Melo e Castro e a japonesa Chie Sawaguchi.

Kleiton e Kledir trouxeram definitivamente para a cultura brasileira a nova música gaúcha. Eternizaram um sotaque diferente, uma maneira própria de falar e cantar, com termos até então desconhecidos como “deu pra ti” e “tri legal”. Segundo um crítico da época, parecia “uma dupla de ingleses, cantando numa língua que lembra o português”.

Kleiton e Kledir acabaram se transformando em símbolos do gaúcho contemporâneo, do homem moderno do sul do Brasil, o que fez com que o governo do estado lhes conferisse o título de “Embaixadores Culturais do Rio Grande do Sul”.

Dentre os grandes sucessos da dupla, estão: Paixão, Deu Pra Ti e Fonte da Saudade.

E é Kleiton Ramil, parceiro do irmão Kledir Ramil, que conversou com o Versos e Prosas, sobre seu gosto musical, fora dos momentos de trabalho. O que ele costuma ouvir em momentos de descontração com os amigos ou com a família? E o que será que ele canta, quando está tomando banho?

Ao ser questionado sobre o que gosta de ouvir, Kleiton Ramil disse gostar de escutar algo novo, que nunca tenha acompanhado anteriormente. “Tenho gosto excêntrico para ouvir. Busco sempre músicas que ofereçam algo que eu nunca tenha escutado. Instrumentos típicos, medievais, harmonizações diferentes, melodias incomuns…e gosto bastante de música instrumental”.

Já em uma festa com os amigos, o artista gaúcho deixou claro que, caso ele organize o evento, a música clássica e erudita vai predominar. “Se eu organizar a festa vai ter muito jazz, música erudita (Ravel, Stravinsky, Gershwin, Bela Bartok)”.

Por sua vez, em um encontro familiar, os ritmos musicais de Kleiton Ramil ficam mais variados. “Aí rola de tudo em playlists no Spotify. RAP, MPB, MPG, Instrumental, etc”.

Quando toca violão com os amigos, Ramil inclui de tudo um pouco, tem até espaço para suas novas composições, para sentir a reação dos companheiros com o novo som. “Dependendo dos amigos gosto de tocar desde Noel Rosa, e outros compositores da antiga (música latino americana, francesa, italiana) até compositores atuais, passando por Chico Buarque, Caetano, Gil. Rola muito também Beatles e claro, sempre tem alguma música nova, que eu tenha feito, que gosto de mostrar e sentir a reação deles e como me sinto com aquele tema, cantando para outras pessoas”.

Em seu carro, quando está a caminho de algum compromisso, Kleiton Ramil já é mais exigente e, mais uma vez, prefere curtir músicas clássicas. “Em geral, como moro no Rio, deixo direto em rádio que toca instrumental. Em geral jazz ou música erudita. Não tenho muita paciência com a MPB comercial, com letras horríveis e repetitivas. São insuportáveis para mim. Por isso, minha preferência pelo instrumental”.

E é claro que Kleiton Ramil também nos contou o que costuma ouvir com seu irmão, Kledir, quando estão por aí, nesta longa estrada da vida. “Como trabalhamos com música em geral nos dedicamos as nossas músicas, seja para fazer músicas novas ou para fazer arranjos para shows. As vezes trocamos algumas sugestões para escutar, como Julieta Venegas, de quem gosto muito, numa fase mais acústica,  que me inspirou para fazer uma nova música. Mas isso é sazonal”.

E foi então que Kleiton Ramil nos contou o que canta no chuveiro e, mais do que isso, nos trouxe um ensinamento para a vida. “No chuveiro eu não canto, mas gosto de cantar quando lavo a louça, ocasionalmente. Aprendi, lendo um livro sobre Blues, sobre o canto dos escravos que aliviavam o sofrimento enquanto trabalhavam nas lavouras, cantando. Assim presto uma homenagem a esses irmãos que sofreram tanto e confirmo e recomendo que a música ajuda a fazer, de forma mais leve, trabalhos desagradáveis. Nessas ocasiões, em geral, improviso músicas simples e ritmadas e danço um pouquinho na frente da pia. Recomendo”!

E aí? Você gostou dos ensinamentos de Kleiton Ramil? Também pretende aplicar esta ideia em sua vida, de cantar para espantar os males, como já dizia o velho ditado? Conte para a agente nos comentários!

Kleiton Ramil, é claro, também montou sua playlist para o Versos e Prosas, com as canções que mais ouve. Para acompanhá-la, acesse o canal do Versos e Prosas no YouTube.

Marcos Aurélio

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