Jussara Silveira: para mim, a música é a própria vida
Jussara Silveira, mineira de Nanuque, no Vale do Mucuri, e que fez carreira em Salvador, na Bahia, é nossa convidada de hoje, para o especial do Versos e Prosas, que aborda o outro lado musical do artista. O que Jussara Silveira ouviria em seus momentos de folga? O que ela costuma ouvir durante as festas descontraídas com seus amigos?
A artista disse adorar a música brasileira, aliás, a canção de língua portuguesa, em geral. Ela reverenciou grandes nomes da nossa MPB, bem como novos artistas que estão surgindo e já ganharam o coração de Jussara.
Jussara Silveira nasceu em Nanuque, no Vale doo Mucuri de Minas Gerais, no dia 9 de agosto de 1959. A cantora ficou conhecida em Salvador (BA), em um dos momentos de alta do gênero axé. Foi lançada pelo jornalista Carlos Maltez e tornou-se referência de bom gosto e afinação musical.
Jussara tem quatro discos lançados, várias participações em discos de amigos e em 2007 se apresentou ao lado da pianista portuguesa Maria João Pires cantando versões de Arthur Nestrovski para canções de Schubert.
Jussara Silveira é considerada pela crítica especializada como uma das melhores cantoras da nova geração.
Em seu quarto CD solo, Entre o Amor e o Mar, Jussara Silveira apresenta 10 canções inéditas de novos compositores como Quito Ribeiro (‘Braço de Mar’), Rômulo Fróes e Gustavo Moura (‘Só pra ver onde dá’) e Guilherme Wisnik e Vadim Nikitin (‘Só’), ao lado de compositores já consagrados, como Adriana Calcanhotto (‘ Meu coração só’), Ná Ozzetti e Luiz Tatit (‘Entre o amor e o mar’) e Itamar Assumpção (‘Oferenda’) e Dorival Caymmi (Morena do Mar), entre outros. Jussara propõe uma viagem entre os múltiplos caminhos e segredos contidos entre o amor e o mar.
E é Jussara Silveira a focalizada do especial do Versos e Prosas, que trata do outro lado do gosto musical do artista.
Ao ser questionada sobre o que gosta de ouvir, Jussara Silveira fez questão de valorizar a música de língua portuguesa, especialmente a brasileira: “Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões. Portanto, gosto de todas as canções em língua portuguesa, as canções do Brasil, da África, da Angola, as canções de Portugal, as canções do Cabo Verde, é sobretudo a canção brasileira, com quem eu tenho mais intimidade”, iniciou a artista.
Jussara citou nomes da nossa música que contribuíram com sua formação. Ela foi de nomes clássicos, até os da chamada nova geração da MPB: “Gosto de ouvir as cantoras e os cantores novos e velhos, portanto não falta João Gilberto, não falta Caetano, Chico Buarque, César Mendes, para falar de quem me formou. Não faltam as cantoras Maria Bethânia, Gal Costa, nana Caymmi, tanta gente bacana né? Tenho escutado muito Adriana Calcanhotto, eu curto muito o jeito que a Adriana escreve as letras e compõe as canções, também o Artur Nogueira, que é lá de Belém do Pará. Tenho escutado muito um cara que é do Uruguai, o Rubén Rada, que lançou um disco belíssimo, com canções em parceria com Ronaldo Bastos. Uma que eu acarinho muito é a gravação de A Menina do Chapéu Azul, é uma delícia! Tenho escutado o Júnior Almeida, que é um compositor de quem eu sou fã, ele é lá de Maceió. Ele lançou uma canção chamada O Cheiro Bom da Saudade. Muita gente bacana, gente nova, a Juliana Linhares, minha amiga, Duda Brack, o Chico Chico, que eu fui ver o show presencial, no Circo Voador, maravilhoso!”, afirma a cantora.
Já ao falar sobre o que gosta de curtir com seus amigos, em uma festa descontraída, Jussara Silveira demonstrou todo o seu carinho pela nossa música e respondeu, com bastante entusiasmo: “No Brasil, a canção, a música, é uma festa, e quem me deu este lastro, quem me indicou a seguir na canção popular brasileira, foi a minha tia, Lia Silveira. Era com ela que eu escutava os tropicalistas, Os Mutantes, Elis Regina, João Gilberto, Paulinho da Viola. Desde menina, ouvindo essa turma maravilhosa! Então, quando estou com amigos, quando eu estou numa festa para dançar, claro que tem que ter samba-reggae, tem que ter Ilê Aiyê, Olodum, enfim, muita coisa boa que a gente tem para se divertir e para aprender, com a Música Popular Brasileira. É como se fosse a própria vida, para mim, a música é a própria vida!”, filosofou Jussara.
Quando comentou sobre o que costuma tocar ao violão, enquanto está com os amigos, a cantora mineira citou o trecho de um clássico de Caetano: “‘Como é bom poder tocar um instrumento’, diz um dos versos da canção Tigresa, de Caetano Veloso, mas, infelizmente, eu não toco suficientemente bem, para levar o vilão para o palco. Então, eu arranho algumas canções em casa, toco alguns boleros, toco Adriana (Calcanhotto), algo de Caetano, invoco ali com alguma música e fico ali tocando aquela canção por um tempo e sempre penso: ‘eu devia voltar a estudar violão e a tocar mais’. Quem sabe?”, deixa a pergunta no ar. Confira outras matérias especiais como esta conosco.
Ao ser questionada sobre o que costuma ouvir, enquanto está no carro, Jussara disse não ser muito comum, mas se lembrou de quando dirigia mais e citou dois nomes bastante marcantes para ela: “Eu não costumo dirigir muito, nem tenho carro, e também tirei a carteira já um pouco mais velha, já aos 40 anos, mas o engraçado dessa história é que Márcio Mello, que é um compositor baiano que eu amo loucamente, deixou o carro dele lá no Rio e eu costumava pegar, para praticar, para conduzir. E eu só conseguia dirigir, eu saia sozinha, e cada dia em distâncias maiores, e escutava muito, o próprio Márcio Mello, autor da Nobre Vagabundo, que Daniela Mercury gravou lindamente! Escutava muito Domenico Lancellotti, então, era um hábito assim, colocar esses discos, eram CDs, na época, ainda não tinha o streaming, a gente ouvia CDs nos carros. Eu acho um lugar muito agradável para se ouvir música, você fica ali protegido naquela câmera, e conduzindo, a dirigir e a ouvir canções. Eu me lembro muito bem, de não parar de ouvir Domenico e Márcio Mello”, recordou-se Jussara Silveira.
A cantora também indicou sua playlist para o Versos e Prosas, com as canções que ela mais escuta. Segundo ela, a playlist “eu acho que é bastante significativa, que eu ouviria todas as horas. Tem canções para escutar, para dançar. São canções escolhidas por mim, porque foram as que eu mais ouvi durante o ano”, finaliza Jussara Silveira.