Em noite fria Belo-horizontina, Orquestra Opus e Sá e Guarabyra aquecem o coração de todos
Eu já cheguei no teatro com o coração cheio de amor. Assistir a um espetáculo da Orquestra Opus na semana em que o Maestro Leonardo cunha participou do nosso podcast, para mim é sensacional, ainda convidando Sá e Guarabyra, tornou tudo ainda mais inesquecível, tanto aqui nas resenhas, como para a minha vida inteira.
Já começo esse texto com muitos sorrisos, afinal o bom humor do Maestro Léo Cunha não precisa de cantar para encantar, o público já mostrou a que veio, quando o Maestro arrancou um boa noite sonoro e empolgado, o frio ali era só um detalhe!
O encontro da Orquestra Opus com Sá e Guarabyra, já estava planejado desde 2020, ele foi adiado devido às complicações da pandemia. Ali no teatro tinha espectadores que estavam com os ingressos comprados desde aquela época, tenho certeza que valeu a pena esperar cada segundo desses dois anos.
O show foi incrível, não consigo defini-lo em uma só palavra. Acompanhe todo o meu relato e sentirá o mesmo!
O talento do maestro Leonardo Cunha e de toda a Orquestra que o acompanha atravessou os mares e trouxe o Sá, que está morando em Portugal desde o começo da pandemia.
E o Guarabyra? Esse veio de São Paulo! Será que veio mesmo? Léo Cunha brincou com o público, disse que Guarabyra não viria por ter ficado preso no aeroporto de São Paulo, disse também que o público teria que fazer a voz dele. Todo mundo acreditou na brincadeira, até eu acreditei!
Guarabyra estava ali para somar com os arranjos da Orquestra e cantar com o Sá, além de contar várias histórias que deixou o público fascinado.
Todo mundo ali presente aplaudiu fortemente quando descobriu que o cantor e compositor mineiro, Flávio Venturini, estava na plateia.
Dona, abriu o trabalho sonoro desse espetáculo. Composta e lançada em 1982 por Sá & Guarabyra, foi regravada pelo Roupa Nova em 1985, mesmo ano em que virou hit na trilha da novela “Roque Santeiro” — era o tema da Viúva Porcina, personagem de Regina Duarte.
Todo esse arranjo, instrumentos, vozes, todo esse conjunto sonoro incentivou o público a cantar fortemente a música Dona.
Tenho total certeza em dizer que a Orquestra Opus e o seu trabalho com a música popular brasileira É sim a dona dos meus ideais!
A segunda música, Harmonia, veio para mostrar o quão harmônico é essa parceria, a sintonia entre Sá e Guarabyra e Orquestra Opus é fantástica.
Entre o povo apressado na estação, tem esse espetáculo para cantar, um momento lindo de emoção!
Harmonia é ver o sol nascer e também ver vocês tocando e cantando juntos!
No sertão as cidades esperam o dia em que o asfalto chegar. E em Belo Horizonte, o público espera o dia em que vocês irão voltar!
Os arranjos da orquestra Opus trouxeram um ar ainda mais forte para a música Tabuleiro.
Eu adoro quando os artistas contam “causos” no meio do show, a gente que está ali na plateia se sente mais próximo deles!
O Sá contou da primeira excursão deles pelos Estados Unidos, contou que na época todo mundo trazia instrumentos de lá e torciam para não serem pegos na alfândega.
Guarabyra contou de quando ele comprou um violão de um hippie, 50 anos atrás, e ele disse que tem esse violão Até hoje, imagino ser um instrumento de grande qualidade e recheado de histórias.
Também lá no Estados Unidos eles foram reconhecidos em uma estação de trem quando alguns homens se aproximaram, trazendo um certo medo para os artistas, e de repente os nascidos em governador Valadares disseram: olha Sá e Guarabyra!”… Contando não tem a menor graça, por isso sugiro que você acompanhe o espetáculo no player no fim dessa matéria.
E foi para os imigrantes que eles fizeram a próxima música.
Ziriguidum Tchan traz um ar de acolhimento, tanto nos arranjos da Orquestra, quanto na voz calma de Sá e Guarabyra, eu acho que é esse acolhimento que os compositores querem mostrar para o nosso povo brasileiro que está lá fora quem vai quer uma vida melhor, mas só quem está lá sabe o que passa!
O Sá é um cara incrível e muito engraçado, está aí mais uma prova entre a sintonia deles e da Orquestra Opus, já que o Maestro Léo Cunha está sempre arrancando sorrisos também.
Em uma das semanas mais frias em Belo Horizonte, Sá duvidou do frio, esqueceu o figurino de show no hotel, e quis se apresentar com a roupa em que estava mesmo, mas ali presente tinha um bom amigo, que lhe emprestou um casaco. Sá então disse ao amigo: “nossa que casaco bonito! Onde você arranjou”? A surpresa está na resposta que Sá obteve: “roubei!”. E vocês não vão acreditar afinal de quem era o casaco: simplesmente de Flávio Venturini!
Como Sá já sabe, a plateia belo-horizontina é sempre afinada! Nós cantamos todos juntos Roque santeiro, com a letra na ponta da língua e a melodia em um arranjo incrível, o som que tomou conta do teatro foi de emocionar qualquer um ali presente.
Eu defendo o canto de Sá e Guarabyra em qualquer canto!
Roque santeiro emociona ainda mais com palmas e gritos da plateia.
Sá é casado com uma mineira de Montes Claros e no espetáculo ele conta que o parceiro Guarabyra já namorou várias mineiras, eles dedicam a música Cheiro Mineiro de Flor para todas nós!
Ser apresentada a uma poesia tão linda já com os arranjos da Orquestra Opus não tem palavras que descrevem a minha sensação.
Difícil é viver longe desse teu cheiro Mineiro de Flor e desse espetáculo tão cheio de amor!
Sá e Guarabyra anunciaram o show Encontro Marcado, com Flávio Venturini e 14 Bis para julho, no Palácio das Artes, e o Maestro Léo Cunha aproveitou a oportunidade para dizer que a Orquestra, tem um encontro marcado com Flávio Venturini para comemorar o Dia dos Namorados.
Caçador de Mim é uma composição de Luiz Carlos Sá e Sérgio Magrão que fez muito sucesso na voz de Milton Nascimento e deu título ao álbum de 1981 de Bituca.
A música é muito conhecida também na voz de Flávio Venturini e foi gravada por Sá e Guarabyra em 1982.
Eu estarei sempre presa às suas canções e entregue as paixões de tanta alegria nesse espetáculo.
Barulhos fez um som quentinho no meu coração, pode ter certeza que vou sempre ouvir com vocês e sentir todas as canções.
Cinamomo foi uma das mais pedidas durante todo o espetáculo, ali o povo cantava feliz!
Se alguém perguntar quem é o meu amor? Eu digo que é música orquestrada e ainda com Sá e Guarabyra cantando!
Com um pouquinho de Rodrix nessa história, Jesus Numa Moto, ganhou uma empolgação no canto e um toque único no tom da Orquestra.
Você já imaginou sair de casa um dia, para assistir um espetáculo, e dar de cara com uma bela aula de música e história da música?
Foi uma aula que vivenciamos desde o começo do concerto, quando Guarabyra contou a história da música Espanhola, ficou ainda mais claro na cabeça de todos nós, que aquilo era uma aula perfeita.
Guarabyra tinha uma musa inspiradora, em uma noite fria de São Paulo, depois de tentar se aquecer em um bar próximo de casa, ele passou na casa de músicos amigos. Conversando com Flávio Venturini, ele perguntou se o amigo teria algo para mostrar, então Venturini puxou o violão e mostrou uma música, Guarabyra pegou um papel e ali mesmo escreveu a letra de Espanhola, depois despediu-se do amigo e voltou para casa. No outro dia, Flávio Venturini ligou para Guarabyra e disse que a sua letra encaixou perfeitamente com a música, Guarabyra disse que não se lembrava daquela letra.
Não preciso dizer que eu amei Espanhola orquestrada, por tantas vezes, eu andei sorrindo, agora Eu Te amo Espanhola ainda mais!
Entre palmas felizes e gratas por uma noite tão maravilhosa, o Maestro agradece Sá e Guarabyra pela participação e a dupla agradece o Maestro pelo convite.
Achei grandioso da parte de Sá quando ele cantou a música Sobradinho E errou o começo da letra, arrancando gargalhadas. Ele disse para começar tudo de novo.
O sertão pode até virar mar, mas é desse espetáculo que a gente vai sempre lembrar!
O público cantou feliz Sobradinho e com muitas palmas festejou o momento. E que momento!
O Maestro e os músicos agradeceram, mas o público pediu mais!
Rimos muito quando Léo Cunha disse que é no Encontro Marcado que tem 14 Bis, que eles já cantaram uma música e ali só terá um bis.
Sá ficou muito feliz por ter ali, na plateia, dois de seus cinco filhos e três de seus quatro netos.
A música que eles escolheram para fechar o espetáculo passa de gerações em gerações e Sá e Guarabyra contam que fizeram para seus filhos e cantavam para eles.
Sá e Guarabyra amaram o arranjo dessa música e elogiaram muito o maestro Léo Cunha. Sá disse ainda que o Léo é aquele Maestro que você não precisa de ensaio, você já pode chegar e tocar com ele.
É claro que eu concordo com o Sá, o arranjo ficou incrível, ele com todos os seus anos de experiência tem toda a razão ao elogiar o Maestro e eu que sou apenas uma aprendiz me senti embalada com Canção dos Piratas, a música traz uma sensação de conforto e paz para o coração.
Obrigada Maestro Léo Cunha e Orquestra Opus pela oportunidade de assistir a esse maravilhoso espetáculo, obrigada Sá e Guarabyra pela oportunidade de conhecer um pouquinho mais de toda essa história que vocês têm para dividir com todos nós!