Eduardo Paraná, cofundador da Legião Urbana, revela canções inéditas e comenta sobre início da banda
Eduardo Paraná, primeiro guitarrista da Legião Urbana, e que hoje assina como Kadu Lambach, dá prosseguimento ao especial do Versos e Prosas, em reverência aos 40 anos do Rock Brasil.
Paraná, cofundador da banda ao lado de Renato Russo e Marcelo Bonfá, deixou o histórico grupo brasiliense em 1983, mas tem muita história para contar.
Ao Versos e Prosas, Eduardo Paraná falou sobre o início da Legião, o primeiro show da banda, em Patos de Minas (MG), que terminou em confusão, com membros sendo detidos, além de letras inéditas que ele decidiu musicar e lançar agora, 40 anos depois da fundação da Legião.
Confira os detalhes sobre os primórdios da Legião Urbana, no bate-papo do Versos e Prosas, com o cofundador da banda, Eduardo Paraná.
O início da Legião e o fatídico show de estreia
“As lendas não passam mais de boca em boca”, diz trecho de uma das composições escritas por Renato Russo e apresentadas com ineditismo por Kadu Lambach Paraná, o Eduardo Paraná, primeiro guitarrista da Legião Urbana. O músico, que permaneceu no grupo entre 1982 e 1983, criou melodia e ofereceu voz a duas canções que não chegaram a ser gravadas e resgata o início da banda no livro “Música Urbana: o Início de uma Legião – a Origem com Eduardo Paraná (Kadu Lambach)”, do escritor André Luiz Molina.
O artista celebra os 40 anos do primeiro show da Legião Urbana, que aconteceu em 05 de setembro de 1982 na tradicional Festa do Milho (no festival Rock no Parque), na arena de rodeio do Parque de Exposições de Patos de Minas, na região do Alto Paranaíba de Minas Gerais, e que culminou com confusão e xadrez após cantarem trecho que irritou militares.
Eduardo Paraná dá mais detalhes deste fatídico dia, ao canal do YouTube do Versos e Prosas:
“Em me lembro que, quando a gente já estava o palco, a gente tocando ‘Encima dos telhados (Música Urbana 2), os PMs armados, e as tropas de choque’. Eu percebi já uma movimentação esquisita, da parte dos policiais militares, porque: primeiro, era o período de transição do regime militar, para a dita democracia, a tão esperada democracia, mas ainda era regime militar. O lugar onde a gente estava tocando, me parece que era cedido da Polícia Militar para a festa. Eu me lembro que, quando terminou a nossa apresentação, tinha um corredor polonês de militares e eu comentei com o Renato (Russo): ‘Pô Renato, olha que interessante! O festival tem seguranças!’. Ele: ‘Não Paraná! Nós vamos ser presos!’. E fomos presos”, detalha o primeiro guitarrista da Legião.
As músicas inéditas da Legião, lançadas por Paraná
Nos shows, Paraná apresenta as canções inéditas pela primeira vez com banda, com um set list recheado por sucessos da origem legionária. “Já participei de projetos oficiais em homenagem ao Legião Urbana, por meio de convite do Giuliano Manfredini, filho do Renato Russo, mas somente agora senti que era o momento para voltar a interpretar essas músicas”, diz.
Antes de subir aos palcos, Paraná conversou com Carmem Manfredini, irmã de Renato Russo (1960 – 1996), que autorizou o projeto e apoiou o trabalho de perpetuar a obra legionária. “Ele é merecedor disso já que participou da primeiríssima formação da Legião Urbana junto com o Renato, o baterista Marcelo Bonfá e o tecladista Paulo Paulista. Acho legal este resgate principalmente para que os fãs conheçam. É uma oportunidade para nós, da família, e fãs de todo o Brasil”, diz Carmem, quase 26 anos após a morte do cantor.
Livro expõe bastidores da Legião Urbana e traz textos inéditos de Renato Russo
Os primeiros encontros, ensaios, shows, composições e brigas no início da Legião Urbana são descritos com detalhes no livro “Música Urbana: o Início de uma Legião – a Origem com Eduardo Paraná (Kadu Lambach)” (R$ 39,90), que relata a trajetória de Paraná na gênese da banda. Confira outras notícias conosco.
Materiais inéditos – e guardados por mais de 30 anos – foram revelados e eternizados, como o primeiro texto de divulgação da Legião Urbana. Com a caligrafia de Renato Russo, o documento foi escrito no início da década de 1980 e possui a letra de “Dois Corações”, música que chegou a ser ensaiada, mas não foi gravada.
Eduardo Paraná contou mais detalhes sobre a composição de Dois Corações, em nosso vídeo em reverência à Legião.
Fruto de mais de 13 meses de entrevistas, o livro foi escrito pelo jornalista André Luiz Molina e produzido por Sérgio Viralobos, e tem ainda o prefácio de Carmem Manfredini, irmã de Renato Russo.
Paraná nos conta uma das muitas histórias de bastidores daquela época, entre 1982 e 1983, nos primórdios da Legião:
“Na época, eu estudava no Colégio Objetivo e o Marcelo Bonfá também. E a gente resolveu entrar no festival, no FICO, que era o Festival Interno do Colégio Objetivo, que era muito conhecido no Brasil inteiro. E a gente se habilitou, na época, com a música Química. Eu me lembro de a gente ter gravado essa música no estúdio que a gente tinha, lá em Brasília, eu, o Bonfá e o Renato Russo, a gente gravou a música. E a gente não entrou, a gente não conseguiu sequer ser selecionado para o festival. E eu me lembro da reação do Renato, eu acho que foi uma primeira rejeição que ele teve, em relação à obra dele, ficou extremamente chateado! E o mais interessante é que o Paralamas do Sucesso fez a festa no mesmo ano e tocou Química! Histórias!”, diz Eduardo Paraná.
Confira o vídeo de Eduardo Paraná, com curiosidades sobre o início da Legião Urbana, na íntegra, no canal do YouTube do Versos e Prosas.