Maria Gadú alcança o tempo, ao lado da Orquestra Opus, em Belo Horizonte
“De todo o amor que eu tenho
Metade foi tu que me deu”
Tiro esse trecho da música Dona Cila, para começar a resenha falando de amor, já que é uma conversa, de neta para avó, dedico esse momento, com a música que Maria Gadú escreveu para Dona Cila, para Dona Branca.
Em mais um espetáculo que a Orquestra Opus brilhou de forma espetacular, dessa vez, convidaram Maria Gadú para subir ao palco com eles, e ela mostrou todo o seu amor e talento em cada nota, cada tom da sua voz. O palco do Sesc Palladium, em Belo Horizonte, foi pequeno para tanta emoção, por isso trago para estas linhas, para eternizar esse momento, ele precisa ser eternizado!
Todos vocês que me acompanham por aqui, já sabem da minha imensa admiração pelo Maestro Leonardo Cunha, mas acho sempre bom reforçar isso. O maestro é uma pessoa única, com o seu bom humor na dose certa, leva o público às gargalhadas e as lágrimas no mesmo tom.
Acho muito divertido, engraçado, animado o jeito com que ele conduz o espetáculo, arrancar gargalhadas do público faz parte da vida, mas o maestro também tem o dom de me emocionar! Tem músicas que o arranjo da Orquestra Opus e o convidado me levam as lágrimas, como foi o caso de Dona Cila da Maria Gadú.
Na hora em que Maria Gadú subiu ao palco, meu coração ficou iluminado, eu consegui acolher o brilho que ela transmitia, na voz falada e principalmente na voz cantada.
A Orquestra Opus e a Maria Gadú:
“Quando se unem são
A Flor que inspirou a canção”
Bela Flor foi a primeira música do espetáculo e foi para mim a melhor escolha.
Composta por Maria Gadú, Bela Flor, já carrega no título, uma autodescrição da artista. Maria Gadú é uma flor Bela, uma mulher incrível, que brilhou forte naquele palco e eu desejo que brilhe sempre, em todos os palcos da vida.
Maria Gadú conquistou o coração da minerada no palco, quando ela falou uma expressão que não sai da nossa boca, nem quando o mineiro é ateu: “nossenhora”, para quem não é das nossas montanhas, significa nossa senhora, a gente usa para tudo!
Tudo Diferente, só mostra como a Orquestra Opus é única!
O arranjo do maestro Léo Cunha, se arranja e se encaixa a vós talentosa de Maria Gadú.
E a poesia da artista sabe bem o que a gente quer:
“Todos caminhos trilham pra a gente se ver”
Trilham sim Gadú, eu espero pelo dia em que vamos nos reencontrar e a sua melodia irá abraçar as minhas linhas, assim eu terei a oportunidade de escrever mais uma resenha sobre você, o seu talento e o show que você é dentro e fora do palco!
“Todas as trilhas caminham pra gente se achar, viu”
Eu agradeço aos deuses da música, pela oportunidade de cruzar o meu caminho com o do Maestro Leonardo Cunha e da iluminada Maria Gadú, com toda a certeza desse mundo, o que eu levo daqui para frente é sim mais poético que antes.
João de Barro chegou como um desafio, Maria Gadú até poderia cantar e tocar sozinha, como fez em Itabira (MG) semanas atrás, mas a Orquestra Opus, também quis deixar a sua marca, o arranjo, ali sem ensaios, caiu como uma luva, para uma música que merece cada nota, a empolgação do público era fácil de ouvir e ainda mais fácil de emocionar.
Com todo o respeito, nesse momento do show, o palco do Sesc Palladium, se tornou para mim um Altar Particular.
E foi mais uma vez com o talento nos arranjos, do Maestro Léo Cunha, que Maria Gadú soltou a voz e encantou o público com a sua canção.
“quando tá escuro”, são os concertos da Orquestra Opus que me iluminam, quando ninguém me ouve, é na voz de Maria Gadú que eu me acolho.
A Lanterna dos Afogados de Herbert Vianna, ganhou arranjos fantásticos da Orquestra Opus, interpretação impecável de Maria Gadú, aplausos, gritos e muita empolgação do público.
Maria Gadú demonstrou, mais uma vez, o quanto seu coração bate por Minas Gerais. Em uma brincadeira do maestro Léo Cunha, ele disse que estava preocupado porque teria que pagar ao público um cachê, pois cantamos todos juntos como um coro, de repente a paulistana solta um “Nossa Senhora”, uai ela tem um pouquinho de Minas no coração!
Ne me quitte pas, composta por Jacques Brel, só veio para reafirmar, , que Maria Gadú, ao lado da minha amada Orquestra Opus, passou por Minas Gerais, mas são do mundo.
Ela brilha forte quando canta e o Maestro encanta com todos os seus arranjos.
Que a Maria Gadú é maravilhosa, e tem uma voz perfeita, eu já falei aqui né?! Quando ela canta Caetano Veloso, ela se torna mais que perfeita, fantástica, incrível, espetacular. Não encontro adjetivos, que define o som dos versos de Caetano na voz dessa artista única.
Oração ao Tempo foi como um mantra eu fiz uma prece, pedi ao tempo que ele passasse devagar.
O trabalho impecável do Maestro Léo Cunha só somou e multiplicou a minha emoção do momento.
Quando eu já não tinha espaço, veio o convite do Maestro E então a música de Maria Gadú me reencontrou.
Eu sei que a vida me cabia apertada, mas Quando Fui Chuva, com arranjos incríveis, da Orquestra, e voz única, de Gadú, regou meu jardim e floriu minha emoção.
Tecnopapiro é uma música de Maria Gadú para a sua mãe, acredito ser uma música que carrega bem a definição de uma relação entre mães e filhos.
“Perdão mãe
Se a vida virou um mundo de botão
Se a tela espia nossa solidão”
Os versos verdadeiros e realistas da artista ganhou arranjo empolgante, o público acompanhou e cantou feliz e empolgado.
Maria Gadú reforça a escola de vida, arte, cultura política que é o tão querido por todos nós Caetano Veloso.
Livros, de Caetano Veloso busca e reforça, encontra e reafirma a necessidade que temos da Cultura seja ela escrita em prosa, ou cantada em verso.
Mais uma vez os arranjos da orquestra Opus, regida pelo meu amigo, Maestro Leonardo Cunha, me emocionou, e a voz de Maria Gadú cantando Caetano completa a emoção.
Axé A Cappella é um grito, Um grito de Socorro, Maria Gadú cantou com a entonação na voz, clamando pelo Socorro que a música e o país merecem e a Orquestra, colocou a melodia com a importância que o grito precisa.
No fim da música, sem respirar ou pensar qualquer coisa, Maria Gadú clamou ainda mais pelo Socorro: “fora Bolsonaro!”. O público acompanhou a artista com palmas, gritos e apoio completo, eu voltei toda a minha atenção ao que estava acontecendo e não ouvi nenhuma vaia, então: fora Bolsonaro!
Preparem os lenços porque agora chegou a hora da emoção!
Em cada nota da orquestra, cada tom de Maria Gadú, cada estrofe da poesia, eu me emocionei, Dona Cila foi composta para a avó de Maria Gadú, até aí, eu me emocionava por ter uma melodia impecável com uma letra delicada e incrível, mas quando ela, no meio daqueles versos que encontram sentido em tudo, falou “diacho”.
Para muitos, diacho pode ser uma gíria antiga e interiorana qualquer, para mim, carrega lembranças felizes de uma dona, uma Dona Bela, loira dos cabelos lisos, os olhos verdes e o sorriso encantador: a Dona Branca, a minha avó, aquela que eu contei para vocês, lá no começo da resenha, que eu iria dedicar todas estas linhas de amor e poesia a ela.
Com um violão na mão, a emoção no coração, a Orquestra Opus acompanhando tudo, com o seu arranjo impecável, Maria Gadú cantou Amor de Índio.
“Tudo que move é sagrado”
E para mim, tudo o que vocês cantam, ainda mais juntos, também se torna sagrado.
A música, quando bem trabalhada, quando tem mais que a intenção de ser tocada, tem a intenção de tocar alguém, é como um sopro que vem de Deus, por isso é sagrado. Deus envia paz, amor, sabedoria em forma de poesia na música.
Maria Gadú é maravilhosa né?! No fim da música, ela deu um salve a Beto Guedes, a população indígena e a minha amada música mineira!
O Maestro Léo Cunha, entre palmas e gargalhadas, que sempre tem no espetáculo, disse que a música é a alegria da vida. Obrigada Léo, por trazer alegria para minha vida, em todos os espetáculos maravilhosos da Opus. Obrigada, por deixar o Versos e Prosas fazer parte de um pedacinho disso tudo
Quase Sem Querer, da legião urbana, trouxe mais um pouquinho de rock para o espetáculo.
A interpretação impecável de Maria Gadú e os arranjos adoráveis do meu maestro preferido, me fez em mil pedaços, a certeza que eu levo, é que vou precisar de outros mil espetáculos como esse para me refazer.
“Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar”
Shimbalaiê, Maria gadú eu amei te encontrar!
Precisarei de algum tempo para assimilar tudo o que aconteceu nesse show o público estava incrivelmente conectado com a orquestra e a Maria Gadú. E os artistas estavam incrivelmente conectados, especialmente apaixonados pela música, pela poesia que ali estava.
Obrigada pelo brilho Maria Gadú, obrigada por mais um caminho no nosso trilho maestro Léo Cunha.