Álbum Meu Coco, de Caetano Veloso: um olhar para os acontecimentos atuais
O álbum Meu Coco, do cantor e compositor baiano Caetano Veloso, já está disponível em todas as plataformas de áudio digitais, desde esta quinta-feira (21).
O álbum Meu Coco, um projeto inédito de Caetano, contém 12 faixas, compostas solitariamente pelo próprio artista. Apesar de serem independentes, cada uma delas possui bastante intensidade, marca característica do cantor e compositor baiano.
O álbum Meu Coco chega ao mercado fonográfico nove anos depois do último lançamento de Caetano: Abraçaço (2012).
O álbum Meu Coco começou a ser produzido no final de 2019, mas sofreu um pequeno atraso em sua conclusão, devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Confira os detalhes sobre o lançamento do álbum Meu Coco, de Caetano Veloso, a seguir, com o Versos e Prosas.
Projeto surgiu em 2019
O álbum Meu Coco, do cantor e compositor Caetano Veloso, que já está disponível em todas as plataformas de streaming, desde quinta-feira (21), começou a ser trabalhado pelo artista, em um estúdio em sua própria casa, no Rio de Janeiro, no fim de 2019.
Com o surgimento da pandemia do novo coronavírus, no ano passado, os trabalhos precisaram ser interrompidos, mas agora, finalmente, puderam ser concluídos.
O próprio Caetano explicou como se iniciou o projeto que culminou no álbum Meu Coco. “Muitas vezes sinto que já fiz canções demais. Falta de rigor?, negligência crítica? Deve ser. Mas acontece que desde a infância amo as canções populares inclusive por sua fácil proliferação. Quem gosta de canções gosta de quantidade. mesmo se elas surgem a um tempo redundantes e caóticas. Há nove anos que eu não lanço álbum com canções inéditas. No final de 2019, tive um desejo intenso de gravar coisas novas e minhas. Tudo partiu de uma batida no violão que me pareceu esboçar algo que (se eu realizasse como sonhava) soaria original a qualquer ouvido em qualquer lugar do mundo”, afirmou o sempre inquieto Caetano Veloso.
O álbum Meu Coco e a canção-título, que norteou o disco
No álbum Meu Coco, Caetano Veloso mantém a inserção nos acontecimentos contemporâneos, sob seu olhar particular: às vezes amplo e universal, às vezes bastante voltado para si.
Sobre a canção que dá título ao álbum Meu Coco, Caetano Explica como surgiu.
“Meu Coco, a canção, nasceu disso e, trazendo sobre o esboço rítmico uma melodia em que se história a escolha de nomes para mulheres brasileiras, cortava uma batida de samba em células simplificadas e duras. Minha esperança era achar os timbres certos para fazer desse riff sonhado uma novidade concreta. E eu tinha a certeza de que a batida, seu som e sua função só se formatariam definitivamente se dançarinos do Balé Folclórico da Bahia criassem gestos sobre o que estava esboçado no violão. Com isso eu descobriria o timbre e o resto”, pontua o artista.
Segundo Caetano, a composição é dedicada a Jorge Mautner, Mércio Gomes e à memória de Manhã de Paula, filha do escritor José Agrippino e da coreógrafa Maria Esther Stockler.
As demais faixas do álbum e a intensidade de cada uma
Caetano assina sozinho as composições de todas as 12 faixas que integram seu mais novo álbum Meu Coco. As músicas independem umas das outras, mas são intensas, como aliás é bastante característico do artista baiano.
Ciclâmen do Líbano, a segunda faixa, é lirismo puro. Em Anjos Tronchos, já lançada como single em 16 de setembro, ele canta versos candidatos à sua antologia: “Agora a minha história é um denso algoritmo / Que vende venda a vendedores reais / Neurônios meus ganharam novo outro ritmo / E mais e mais e mais e mais e mais”. Também cita que “palhaços líderes brotaram macabros”, “mas há poemas como jamais”.
Caetano Veloso convocou o músico Lucas Nunes, que integra a banda carioca Dônica, para auxiliá-lo na produção do disco.
O cantor e compositor explica, com mais detalhes, as composições e participações especiais que há, em cada faixa do álbum Meu Coco.
“Cada faixa do novo álbum tem vida própria e intensa. Se “Anjos Tronchos” tem sonoridade semelhante à de Abraçaço (2012), o último disco que fiz antes deste, “Sem Samba Não Dá” soa à Pretinho da Serrinha: uma base de samba tocada por quem sabe – e a sanfona de Mestrinho, que comenta as fusões de música sertaneja com samba tradicional. Uma discussão sobre o (não) uso da palavra “você” pela brilhante jovem fadista Carminho virou o fado midatlântico “Você-Você”, que ela terminou cantando comigo – e ganhou bandolim sábio de Hamilton de Holanda fazendo as vezes de guitarra portuguesa”.
O álbum Meu Coco e a mistura de ritmos
Caetano prossegue, fazendo um balanço das faixas que integram seu mais recente trabalho. “Há “Não Vou Deixar”, com célula de base de rap criada no piano por Lucas e letra de rejeição da opressão política escrita em tom de conversa amorosa. “Pardo”, cujo título já sugere observação do uso das palavras na discussão de hoje da questão racial, teve arranjo de Letieres Leite, baiano, sobre a percussão carioca de Marcelo Costa. “Cobre”, canção de amor romântico, fala da cor da pele que compete com o reflexo do sol no mar do fim de tarde do Porto da Barra. Jaques Morelenbaum, romântico incurável, veio orquestrá-la. Mas também tratou de “Ciclâmen do Líbano”, com fraseado do médio-oriente salpicado de Webern. Devo Lucas a meu filho Tom: os dois fazem parte da banda Dônica; devo a atenção a novas perspectivas críticas a meu filho Zeca; devo a intensa beleza da faixa “GilGal” a meu filho Moreno: ele fez a batida de candomblé para eu pôr melodia e letra que já se esboçava mas que só ganhou forma sobre a percussão. E eu a canto com a extraordinariamente talentosa Dora Morelenbaum”, explica o artista.
A conclusão de Caetano Veloso sobre seu disco
O álbum Meu Coco, como já dissemos, apresenta bastante intensidade e uma variedade de gêneros e ritmos.
Caetano Veloso conclui sua visão sobre as 12 canções compostas por ele mesmo, para seu trabalho que acaba de chegar aos players, pela gravadora Sony Music.
“Este é um disco de quantidade e intensidade. “Autoacalanto” é retrato de meu neto que agora tem um ano de idade. Tom, o pai dele, toca violão comigo na faixa. A nave-mãe, “Meu Coco”, guardou algo da batida imaginada, agora com percussão de Márcio Vitor. Mas o arranjo de orquestra que a ilumina foi feito por Thiago Amud, um jovem criador carioca cuja existência diz tudo sobre a veracidade do amor brasileiro pela canção popular”, conclui Caetano Veloso.
Para conferir, faixa a faixa, o álbum “Meu Coco”, de Caetano Veloso, acesse seu aplicativo de streaming de áudio. Agora, para assistir ao clipe de “Sem Samba Não Dá”, música de trabalho do disco, acesse o canal de Caetano no Youtube, no player abaixo.