30 Anos de Baile, de Fernanda Abreu: a dança continua

O álbum 30 Anos de Baile, da cantora e compositora carioca Fernanda Abreu, já está disponível em todas as plataformas de áudio, desde quinta-feira (16). Além das 13 faixas do disco, há, ainda, o 30 Anos de Baile – Extended Versions, mais apropriado para as pistas de dança, com oito faixas em versões mais estendidas das canções.

O disco 30 Anos de Baile, de Fernanda Abreu, conta com a participação de DJs e produtores musicais masculinos, de diferentes gerações, e faz um passeio por grandes hits da Garota Sangue Bom, que comemorou 60 anos recentemente.

Para o ano que vem, Abreu pretende lançar o 30 Anos de Baile por Elas (nome provisório), quando apenas DJS e produtoras musicais mulheres vão remixar os grandes sucessos de Fernanda Abreu.

Saiba tudo sobe 30 Anos de Baile, o mais novo álbum de Fernanda Abreu, com o Versos e Prosas.

A trajetória de Fernanda Abreu

Fernanda Sampaio de Lacerda Abreu, a Fernanda Abreu, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 8 de setembro de 1961. Fernanda Abreu é cantora, compositora e bailarina.

A artista foi classificada pela imprensa como a pioneira da música pop dançante, com coreografias e uso de produções eletrônicas, no Brasil, apostando no gênero em 1990, após averiguar a dimensão internacional de artistas como Madonna e Prince, aderindo às coreografias, misturas com estilos dançantes e samplers em seus trabalhos.

Naquela ocasião, Abreu encontrou resistência dos produtores, uma vez que o rock estava em alta no Brasil, insistindo que poderia ganhar notoriedade fazendo música pop ao eternizar: “Não tem [mercado para o pop], mas vamos inaugurar”.

Pelo seu estilo musical, Fernanda Abreu foi chamada de “a mãe do pop brasileiro” pelos jornais. Fernanda é formada como bailarina profissional pelo Ballet Tatiana Leskova, tendo ingressado em duas companhias de dança antes da carreira musical.

Em 1982, se tornou conhecida como backing vocal da banda de rock Blitz, responsável por popularizar o movimento do Rock Brasil nos anos 80, no qual permaneceu por três discos, até 1986.

O primeiro disco de Fernanda Abreu e a revolução na música brasileira

O álbum 30 Anos de Baile, de Fernanda Abreu, celebra não apenas as três décadas de carreira da cantora carioca, mas também uma mudança de estilo no cenário musical brasileiro. Em 1990, o Brasil vivia o auge da lambada e da música sertaneja enquanto os mais modernos curtiam lançamentos gringos que bebiam na fonte da dance music. Madonna, Dee Lite, Black Box, Erasure, Snap, Technotronic e Soul II Soul espalhavam pelas ondas do rádio e nos clubs das grandes cidades brasileiras um pouco do que rolava nas pistas dos EUA e da Europa. Até que surgiu uma cantora carioca que mudaria o jeito de a gente entender a música pop dançante produzida no Brasil.

A revolução veio pela voz, letras e atitude cool de Fernanda Abreu, cantora que o país todo já conhecia desde os anos 80 por seu trabalho com a banda Blitz. Porém, o que ela apresentaria aos brasileiros, na estreia de sua carreira solo, em fevereiro de 1990, com o lançamento de “A Noite”, primeiro single de seu álbum de estreia, “SLA Radical Dance Disco Club”, mudaria tudo de lugar.

Pra começo de conversa, era um disco de autoafirmação feminina, já que conclamava a criação de um “dance disco clube radical da Sampaio de Lacerda Abreu”, sobrenome de Fernanda, o SLA do nome do seu primeiro disco.

Começando pela capa, preto e branca e desfocada, Fernanda não era mais aquela garota solar da Blitz. A “nova” Fernanda Abreu era da noite, vestida pra boate e munida de samples e batidas eletrônicas até os dentes. Fernanda propunha uma revolução e sabia que seria televisionada (pela MTV, inclusive).

Fernanda Abreu e a quebra de barreiras

Assim como “A Noite”, o resto do primeiro álbum de Abreu apresentava ao público uma música pop com beat eletrônico, um estilo até então inédito no país, com samples e sequenciadores. Uma linguagem nova. Uma ousadia para uma grande gravadora peitar.

Quando mostrou as primeiras demos do que viria a ser “SLA Radical Dance Disco Club” à EMI-Odeon, Fernanda ouviu do então diretor da gravadora, Jorge Davidson: “Adorei, que coisa diferente. Mas, você sabe, não tem mercado no Brasil pra essa coisa dançante”. A resposta de Fernanda foi assertiva: “Não tinha, vamos inaugurar! Acredita que vai dar certo”. O resto é história. Fernanda se tornou a nossa rainha da dance, do funk, do sample, da música black de baile e, principalmente, dos DJs.

30 Anos de Baile e a reunião dos maiores DJs do país

E é sobre essa longeva e simbiótica relação, de Fernanda com o universo DJ, que se descortina agora “Fernanda Abreu: 30 Anos de Baile”, um disco que reúne 15 DJs/produtores com a deliciosa missão de remixar o filé dançante dos 30 anos de carreira solo da cantora e bailarina carioca, que o Brasil e o mundo conhecem e admiram.

A lista de convidados para o disco 30 Anos de Baile é eclética e traduz o panorama da pista de dança hoje no Brasil, cobrindo estilos diversos, do funk ao trap, da house ao techno, do rap ao electro, representados por nomes da atual geração, como Vintage Culture, Gui Boratto, Bruno Be, Tropkillaz, Fancy Inc e DJs clássicos, que ajudaram a erguer as paredes dos bailes, como Corello DJ, Zé Pedro, Dennis DJ e Memê, este último encarregado de fazer a direção artística do álbum. Além do grande elenco de remixers, há também no disco as participações especialíssimas dos rappers Emicida e Projota.

Clássicos de Abreu ganha repaginada em formato remix

No álbum 30 Anos de Baile, os convidados puderam repaginar para as pistas de dança, cada um à sua maneira, clássicos absolutos da discografia de Fernanda Abreu, como “Jorge da Capadócia” (que ganhou remix de Gui Boratto), “Kátia Flávia, A Godiva de Irajá” (em versão de Bruno Be), “Veneno da Lata” (by Tropkillaz), “Você Pra Mim” (que ganhou feat de Projota, com remix de Dennis DJ), “Outro Sim” (repaginado por Ruxell, com vocais de Emicida), entre outras.

“Durante todos esses anos de convivência, percebi com clareza que Fernanda sempre apostou fichas nos DJs, criando com eles um laço carinhoso de convivência, harmonia e respeito”, destaca Memê, que também assina, ao lado da cantora, a produção executiva de “Fernanda Abreu: 30 Anos de Baile”. Confira outros lançamentos conosco.

É bom lembrar que Memê, aka do DJ e produtor musical Marcello Mansur, é um dos maiores nomes da nossa house music, além de ser um mestre em misturar, com a precisão cirúrgica de um mixologista, música pop e eletrônica, feito que o consagrou em parcerias com artistas como Lulu Santos, Shakira, Gabriel O Pensador, Tim Maia, além da própria Fernanda.

30 Anos de Baile – Extended Versions

É tanta história e serviços prestados à música dançante brasileira nesses 60 anos de vida de Fernanda Abreu, data celebrada no dia 8 de setembro último, que só um disco de remixes não seria capaz de festejar tanto suingue e sede de baile. O lançamento acabou se desdobrando em um álbum com 13 faixas e outro com 8 extended versions, mais próprias pra tocar nas pistas de dança.

“Desde o lançamento do meu primeiro disco, ‘SLA Radical Dance Disco Club’, em 1990, eu recebo o carinho e o entusiasmo dos DJs com meu som. E agora, 30 anos depois, é muito prazeroso para mim celebrar essa parceria lançando esse projeto, ‘Fernanda Abreu 30 Anos de Baile’, prestando uma homenagem a essa cena que amo tanto e fortalecendo ainda mais essa parceria nas pistas, nas festas e nos bailes”, afirma a eterna Garota Sangue Bom.

30 Anos de Baile por Elas

Fernanda Abreu tem não apenas o corpo flexível e atlético que os anos como bailarina a ajudaram a moldar, mas também sua alma e mente aspiram o novo. Por isso, seu próximo projeto já está em andamento. “Em 2022, vem aí ‘30 Anos de Baile por Elas’ (nome provisório), remixado só por mulheres DJs e produtoras musicais desse nosso Brasil”, adianta Fernanda.

Ao longo de oito discos de estúdio, dois registros ao vivo (DVDs), 23 singles, quase 20 videoclipes nesses 31 anos de carreira solo, a biografia de Fernanda afrontou padrões e misturou o que não era misturável: uniu funk com batuque, usou samples e bateria eletrônica para fazer música pop, cantou seu amor pelos DJs citando a nata dos bailes, de Ademir Lemos a Monsieur Limá (em “Baile da Pesada”), trouxe a dança para o front, introduziu o funk carioca para a Zona Sul e, por fim, criou uma identidade brasileira de fazer dance music.

Modelo de fora totalmente adaptado ao Brasil

A inspiração para Fernanda Abreu pode até ter vindo de fora, de ícones como Madonna, Michael Jackson e Prince, mas a artista traduziu como ninguém o pop internacional para o nosso clima tropical e caótico, eternizando frases como “Rio 40 graus, cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos” ou “Dá gosto de ver a inteligência movendo um corpinho como esse”, tirada da música que virou sinônimo dela mesma, “Garota Sangue Bom”.

Se hoje não existem barreiras para produções eletrônicas com vocais em português é porque, 31 anos atrás, lá estava Fernanda abrindo trilhas quando tudo era mato. Junto com ela, atuando como seu fiel elenco de apoio, estavam os DJs. Que comece esse baile da pesada, com alto e bom som!

Para curtir “Fernanda Abreu: 30 Anos de Baile”, acesse sua plataforma de streaming, arraste o sofá da sala e comece a dançar bastante! Agora, para ouvir o “30 Anos de Baile – Extended Versions”, é só escolher neste link seu tocador de áudio. Agora, para acompanhar o clipe de A Godiva Do Irajá, com Fernanda Abreu, Bruno Be e Kátia Flávia, acesse o canal de Abreu no Youtube, pelo player abaixo.

Marcos Aurélio

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *